15/04/2013
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03h20
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NATUZA NERY
DE BRASÍLIA
DE BRASÍLIA
A presidente Dilma Rousseff pretende manter intocadas as legislações
sobre aborto e casamento gay, como prometeu em 2010. Mas o governo
também não quer se vincular à pauta dos evangélicos, que considera
conservadora. No Palácio do Planalto, a tônica na relação com as
denominações pentecostais e neopentecostais é uma só: manter uma "união
estável".
De olho nessa estabilidade, Dilma mandou sua equipe tomar distância da
polêmica em torno do presidente da Comissão de Direitos Humanos da
Câmara, Marco Feliciano (PSC-SP). Críticas, se forem inevitáveis, devem
ser feitas ao deputado e pastor, jamais aos evangélicos.
Durante os dois primeiros anos de governo Dilma, a relação do Planalto
com as igrejas evangélicas e católica tem sido pulverizada e distante. O
diálogo é melhor com as denominações protestantes tradicionais, como
luterana, metodista e presbiteriana.
Nas pentecostais, caso da Assembleia de Deus (12,3 milhões de fiéis em
2010), e neopentecostais, como a Universal do Reino de Deus (1,8
milhão), a relação é mais difícil e vista por setores do Executivo como
mais utilitarista.
Embora com um rebanho muito menor, a Universal conquistou o Ministério
da Pesca em 2012. Motivo: ajudar o PT na eleição municipal. Titular da
pasta, Marcelo Crivella tem sido um dos interlocutores, ao lado do
colega Gilberto Carvalho (Secretaria-Geral da Presidência da República),
responsável formal pela ponte entre Planalto e igrejas em geral.
A nomeação despertou o interesse de outras denominações. Há algumas
semanas, a Assembleia de Deus tentou emplacar um fiel congressista do PR
no Ministério dos Transportes. Dilma, porém, optou por outro nome do
partido, o ex-governador baiano César Borges.
No legislativo, a bancada evangélica costuma se unir em torno de temas caros à religião, como casamento gay e aborto. Atrai, com isso, alas católicas e congressistas de linha mais conservadora.
No legislativo, a bancada evangélica costuma se unir em torno de temas caros à religião, como casamento gay e aborto. Atrai, com isso, alas católicas e congressistas de linha mais conservadora.
Também há outra pauta comum, mas de reivindicação individual: a cobrança
por patrocínio público para eventos gospel, concessões de rádio e
televisão e pedidos de mais propaganda oficial nos veículos evangélicos.
Nas demais demandas, como cargos, a negociação segue a liturgia
tradicional dos deputados e senadores da base do governo, o varejo.
Um dos principais expoentes da bancada evangélica é o deputado Eduardo
Cunha (PMDB-RJ), embora seja da Sara Nossa Terra, muito menor que as
outras igrejas.
Em 2010, ele foi um dos que ajudou Dilma a desarmar boatos de que a
petista liberaria, se eleita, o aborto e o casamento entre pessoas do
mesmo sexo, discussão explorada à época por seu adversário tucano, José
Serra.
Dilma já se posicionou a favor da descriminalização do aborto, mas mudou de ideia na campanha eleitoral.
O Palácio do Planalto espera que os dois temas não sejam centrais na
disputa por 2014, o que diminuiria o peso das demandas evangélicas na
corrida eleitoral.
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