Folha de São Paulo
Em
mensagem encaminhada ao Congresso, a presidente Dilma Rousseff propõe
nesta terça-feira (2) a discussão de cinco temas para o plebiscito sobre
a reforma política.
Diante da resistência de aliados a uma
consulta prévia da sociedade para a reforma, a presidente afirmou que é
"imprescindível um amplo e imediato esforço conjunto para a renovação do
sistema político brasileiro".
Segundo a presidente, "a consulta
popular é recomendável quando as formas de representação política dão
sinais de que precisam ser renovadas".
A presidente critica
indiretamente a ideia lançada por aliados, como o presidente da Câmara,
Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), de que o Congresso aprove uma reforma
política e depois apresente à sociedade para um referendo.
"A
adoção da forma plebiscitária para essa consulta popular nos parece a
melhor dentre as alternativas administras pela Constituição. A simples
manifestação de concordância ou discordância popular com um modelo já
predefinido pode afastar a sociedade da ampla discussão dos alicerces e
princípios que deverão orientar a renovação do sistema de representação
política", afirmou.
Dilma decidiu enviar uma proposta de
plebiscito depois de ser alvo de ataques de aliados, da oposição e
criticada por juristas e ministros do STF (Supremo Tribunal Federal) por
defender uma constituinte exclusiva para reforma política.
A
decisão foi costurada com ministros e gerou mal-estar por não ter
consultado nem mesmo o vice-presidente Michel Temer. Com o desgaste, o
governo recuou e lançou a ideia de um plebiscito em encontro com aliado.
A consulta preliminar aos aliados, no entanto, não é consenso na base
aliada. O PMDB da Câmara e o PSB demonstram resistência.
A
presidente rebate os argumentos de que o plebiscito sobre a reforma
política pode encontrar dificuldades para o entendimento dos eleitores.
"Argumentos
que buscam imputar ao povo a uma impossibilidade de compreensão da
melhor forma de representação não podem prevalecer em um estado
democrático de direito como o novo", afirmou.
"Do mesmo modo, é
importante observar que a realização de uma consulta plebiscitária em
nada colide ou inviabiliza a iniciativa popular de projeto de lei que
tenham por objetivo a reforma do nosso sistema político, como vem sendo
realizada por diversas entidade da sociedade civil", completou.
No
documento, Dilma cita que as manifestações populares que sacudiram o
país nas últimas semana com uma ampla pauta de reivindicações e que
teriam motivado a queda de 27 pontos em sua popularidade segundo
pesquisa Datafolha divulgada no fim de semana.
"As manifestações
demonstraram, de forma inequívoca, a força e o caráter irreversível do
processo de consolidação de uma democracia participativa em nosso país",
disse.
De acordo com Dilma, a voz das ruas precisa ser respondida por todas as instituições.
"Assinalaram
também que, apesar de termos vivido um período inédito de crescimento
econômico com inclusão social nos últimos dez anos, nossa sociedade
exige hoje novas formas de atuação dos poderes do Estado, em todos os
níveis federativos, seja para a satisfação e ampliação de detritos
individuais e coletivos, seja para a garantia plena da cidadania".
E
completou: "Cabe às instituições representativas não só comemorar, mais
esse avanço democrático, mas também dar a adequada resposta à voz das
ruas, buscando o diálogo e a celebração de pactos que possibilitem a
construção de caminhos para o atendimento das demandas apresentadas".
CONFIRA AS SUGESTÕES DE DILMA PARA O PLEBISCITO
A) a
forma de financiamento das campanhas eleitorais, de modo a permitir uma
avaliação do modelo atual que o povo possa comparar suas vantagens e
desvantagens com relação ao financiamento exclusivamente público, que o
povo possa fazer comparação semelhante com o modelo misto, em que os
candidatos recebem recursos públicos e recursos de fontes privadas, com
ou sem restrições;
B) a definição do sistema
eleitoral, em que se faça uma opção entre o sistema proporcional como é
voto majoritário para a eleição de parlamentares, o voto em lista
fechada ou flexível ou então o voto em dois turnos como propõem
entidades da sociedade civil;
C) continuidade ou não da existência de suplência nas eleições para o senado;
D) manutenção ou não da existência de coligação partidárias para a eleição de deputados e vereadores;
E) o fim ou não do voto secreto no parlamento.
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