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O
papa Francisco vai cobrar da classe política que deixe de "oprimir" o
povo por "interesses egoístas" e assuma suas "responsabilidades" por
criar uma "sociedade justa". Quem faz a revelação é o próprio porta-voz
do Vaticano, padre Federico Lombardi, que indica que o papa pedirá ainda
"respeito" pelos pobres. Em entrevista exclusiva ao Estado, o
responsável pela mensagem do Vaticano confirmou que Francisco pedirá uma
mudança de atitude dos líderes e antecipou o conteúdo de alguns dos
discursos do pontífice.
Lombardi ainda revelou que o papa
passou uma ordem clara aos organizadores de sua segurança e às
autoridades brasileiras: não quer nenhum obstáculo entre ele e o povo.
Qual é a importância estratégica dessa viagem para o papa e para o Vaticano?
Evidentemente,
a Igreja precisa falar com os jovens todos os dias. A educação da
juventude é fundamental na fé e é a vida da Igreja, nas associações, nas
paróquias. Mas o papa João Paulo II teve a ideia de ter um grande
encontro do papa com a juventude do mundo. É um convite à juventude do
mundo para que se encontre com o pontífice em momentos intensos e fortes
de comunicação com ele. O papa pode dar sua orientação, seu
encorajamento à juventude do mundo. É um encontro simbólico, uma
experiência de universalidade da Igreja. Aqueles que vão têm uma
experiência concreta, de que a Igreja é universal, que é uma comunidade
de todos os povos e passa todas as fronteiras, nações e raças. É muito
forte. Os jovens se sentem cidadãos do mundo e do futuro.
Qual será a mensagem aos jovens?
É
uma mensagem de encorajamento, de esperança, de orientação. Será uma
orientação para o futuro e para a missão que os jovens têm para
construir uma sociedade e o futuro da humanidade. Os jovens são o futuro
da Igreja. O papa Francisco está muito consciente disso e vai
justamente dizer isso aos jovens: vocês são os responsáveis pelo futuro
do mundo e da Igreja. Será a ocasião para deixar claro o sentimento de
missão que os jovens têm de ter para viver.
Essa viagem foi
organizada no pontificado anterior, de Bento XVI. Mas ironicamente
ocorre justamente na região de onde vem o primeiro papa não europeu.
Como Francisco vê o fato de voltar para a própria região?
O papa
terá sua mensagem aos jovens. Mas o papa também terá a ocasião de falar
com um continente inteiro. Por isso, estarão ali os bispos do Celam
(Conferência Episcopal Latino-americana) e outras personalidades de
igrejas. O papa, que conhece profundamente o que é a Igreja na América
Latina e o que é a América Latina, tem muitas coisas a dizer sobre o
futuro da Igreja nesse continente da esperança. Nesse sentido, é uma
viagem que tem duas dimensões: a relação com os jovens, mas também uma
dimensão por uma mensagem também para o continente.
A América
Latina é jovem e, em sua maioria, católica. Mas é também uma região de
muita desigualdade social. Como isso entrará na viagem?
Isso será
fundamental. Está muito claro nesse pontificado essas dimensões de
atenção aos pobres, atenção à injustiça, pelos direitos, por uma visão
da fé que é uma fé ativa pela caridade, pela solidariedade. Nesse
sentido, para o papa, ser cristão é estar empenhado por uma sociedade
melhor e por uma vida melhor.
Então a classe dirigente também receberá uma mensagem?
Não
será uma mensagem técnica. Não será mensagem que dê soluções
particulares. Nos discursos do papa dos últimos meses não estavam as
soluções concretas, que são de responsabilidade dos políticos e
economistas. Mas será uma mensagem muito forte, de responsabilidade e de
orientação a certos valores de justiça, solidariedade, atenção aos
pobres, superar as desigualdades sociais, atenção pelas pessoas, pelos
doentes e inválidos. Essas pessoas precisam ser respeitadas e presentes
na sociedade. Nesse sentido, será uma mensagem muito forte de
responsabilidade em direção a uma sociedade justa, solidária, humana e
com valores para caminhar para o futuro, saindo da opressão de
interesses egoístas.
As autoridades no Rio estão preocupadas com a
segurança do papa, principalmente depois da violência da noite de ontem
(anteontem). Como o Vaticano vê a necessidade de um reforço da
segurança?
Temos de ver qual é a natureza da missão e da
relação do papa com o povo. Esse é o problema. É uma relação de
confiança, amor e solidariedade. O papa não deseja obstáculos em sua
comunicação concreta com o povo. Essa é a realidade desse pontificado.
Para nós, aqui no Vaticano, cada dia vemos isso e vemos o papa por horas
com o povo aqui na Praça São Pedro. O papa sempre esteve nessa
situação. Ele vai fazer no Brasil o mesmo que fez todos esses meses aqui
em Roma. Não há mudanças. A grande mudança seria se houvesse uma
mudança. É sua maneira de ser e temos de ajudá-lo em seu ministério.
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