19.08.2013 - 08:19
Os economistas ressaltam que as conversas acontecem sem ter um eventual
programa de governo como foco. Sandroni, que coordenou o programa da
então candidata em 2010, diz que ainda é cedo para pensar na formatação
do documento.
O avanço de Marina Silva nas pesquisas de
intenção de voto para a eleição presidencial de 2014 tem levado
empresários e banqueiros a procurar o pequeno grupo de economistas que a
assessora.
Os interlocutores da ex-senadora afirmam que o setor privado a considera
uma incógnita e tentam esclarecer dúvidas a respeito de um possível
governo Marina.
Terceira colocada na disputa de 2010, ela tem hoje a preferência de 26%
dos eleitores e disputaria o segundo turno contra Dilma Rousseff.
Segundo Eduardo Giannetti da Fonseca, um dos economistas mais próximos
de Marina, os empresários temem que critérios ambientais mais rigorosos
freiem investimentos. A falta de economistas conhecidos pelo mercado e
com experiência de governo é outra preocupação.
"São duas dúvidas que procedem", diz Giannetti.
O grupo de economistas próximos de Marina tem em comum o fato de flertar
com outras áreas como sociologia, filosofia e ciências políticas.
Defendem políticas econômicas ortodoxas, como rigor fiscal e combate à
inflação, mas comungam da tese de que não se pode perseguir crescimento
econômico a qualquer custo, com prejuízos ao meio ambiente e ao bem
estar da população.
O projeto de Marina prevê exigências mais rigorosas de preservação ao
meio ambiente. Mas vai propor regras claras e processos mais rápidos
para a aprovação de investimentos.
Recentemente, outros economistas que compartilham da ideia de crescimento ambientalmente sustentável se aproximaram de Marina.
É o caso de André Lara Resende, que fez carreira no mercado financeiro e
foi um dos formuladores do Plano Real, em 1994. Economista
historicamente identificado com os tucanos tornou-se interlocutor de
Marina.
A ex-senadora também se aproximou do sociólogo e professor de economia
da USP Ricardo Abramovay desde o ano passado. Ele conta que tem
conversado com Marina sobre a necessidade de uma política forte de
incentivo à inovação, mas sem subsídios pesados do governo:
"Para investir em inovação, o setor privado tem de estar disposto a
assumir riscos e não só perguntar com quanto o BNDES vai entrar."
A economista Eliana Cardoso, que trabalhou antes no Banco Mundial e
participou do primeiro governo do ex-presidente Fernando Henrique
Cardoso, também tem dialogado com Marina.
Ela conta que a aproximação ocorreu em março, após ela ter escrito um
artigo no jornal "O Estado de S. Paulo" defendendo Marina do que
considerou uma campanha contra a pré-candidata por ela ser evangélica.
Eliana acredita que Marina adotará maior rigor na gestão dos gastos
públicos do que o governo Dilma. Mas ressalta que, apesar dos diálogos
frequentes, não faz parte dos assessores da ex-senadora.
A equipe de Marina tem tentado aproximá-la de economistas conhecidos pelo mercado e por empresários.
A Folha apurou que o ex-presidente do Banco Central Armínio Fraga também
foi procurado, mas o contato não originou um encontro dele com Marina.
Fraga e outros economistas próximos do PSDB têm assessorado o
pré-candidato da sigla, Aécio Neves. Procurado, Fraga não quis comentar o
assunto.
O grupo próximo a Marina acredita que, em um possível segundo turno, a
ex-senadora tende a ganhar apoio de economistas críticos à política de
maior intervenção estatal adotada por Dilma.
Os economistas ressaltam que as conversas acontecem sem ter um eventual
programa de governo como foco. Sandroni, que coordenou o programa da
então candidata em 2010, diz que ainda é cedo para pensar na formatação
do documento.
Segundo o ambientalista João Paulo Capobianco, aliado da ex-senadora, as
conversas com os acadêmicos estão "aprofundando" uma plataforma lançada
em 2010, que pode servir de subsídio para o programa de Marina, caso a
candidatura se concretize.
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