G1
Diante da pressão de aliados para que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva
dispute a eleição deste ano, a presidente Dilma Rousseff afirmou nesta
quarta-feira (30) que vai "tocar em frente" sua candidatura pela
reeleição mesmo sem o apoio dos partidos governistas.
Dilma
concedeu entrevista às rádios Metrópole e Tudo, de Salvador, e comentou
sobre a intensificação do movimento "Volta, Lula" após ter sido
questionada sobre o "fogo amigo".
Este é um ano eleitoral. Em um
ano eleitoral, é possível que ocorram todas as hipóteses que você
conceber e ainda aquelas que você não conceber [...] Gostaria muito que,
quando eu for candidata, eu tivesse o apoio da minha própria base.
Agora, não havendo esse apoio, a gente vai tocar em frente", declarou.
Na
segunda-feira (28), a bancada do PR na Câmara dos Deputados, integrante
da base governista, anunciou apoio ao movimento "Volta, Lula", que tem adeptos no PT e defende que o ex-presidente concorra ao pleito daqui a cinco meses.
Questionada
sobre a pressão de parte da base governista, Dilma afirmou que sua
preocupação é "governar o país".Na ocasião, o líder do PR, deputado
Bernardo Santana (MG), leu um manifesto assinado por 20 dos 32 deputados
federais do partido. Nele, a bancada "reivindica" o retorno de Lula.
Segundo Santana, se o PT mantiver Dilma como candidata, os deputados
pretendem reavaliar o apoio ao partido aliado na convenção nacional do PR.
"Sempre, por trás de todas as coisas,
existem outras explicações. Não vou me importar com isso [a crise com a
base aliada]. Daqui até o final do ano, tenho uma atividade importante
para fazer. Não posso me desligar nem um pouco dela: é governar este
país", ressaltou a presidente.
'Senso prático'
Em um café da manhã com jornalistas nesta quarta-feira, o ministro das Relações Institucionais, Ricardo Berzoini, afirmou que a discussão sobre a campanha "Volta, Lula" não tem "senso prático". Na avaliação dele, que é ex-presidente nacional do PT, "não é razoável" a base aliada abrir uma discussão neste momento sobre quem irá encabeçar a chapa petista.
Em um café da manhã com jornalistas nesta quarta-feira, o ministro das Relações Institucionais, Ricardo Berzoini, afirmou que a discussão sobre a campanha "Volta, Lula" não tem "senso prático". Na avaliação dele, que é ex-presidente nacional do PT, "não é razoável" a base aliada abrir uma discussão neste momento sobre quem irá encabeçar a chapa petista.
A
presidenta Dilma tem o direito da eleição e certamente vai exercer esse
direito com o apoio do PT e de vários outros partidos. Então, não é
razoável que nós entremos agora em um debate que não tem muito senso
prático, com todo o respeito àquelas pessoas que defendem o 'Volta,
Lula'", opinou.
Responsável pela articulação política do governo, Berzoini reconheceu que há aliados defendendo o retorno de Lula, mas essa ala seria "minoritária".
"O sentimento do 'Volta, Lula' é um sentimento que nós entendemos que tem uma base real, porém, minoritária no mundo político,
porque as pessoas sabem que, muito além da discussão de apreço pelo
Lula ou pela presidente Dilma, está uma discussão de estratégia
política."
Ex-chefe de gabinete de Lula, o ministro da
Secretaria-Geral da Presidência, Gilberto Carvalho, relatou na
terça-feira (29) que o ex-presidente está "incomodado" e constrangido
com as manifestações para que ele substitua Dilma na disputa eleitoral.
Segundo o ministro, não há a possibilidade de Lula concorrer ao Palácio
do Planalto este ano.
"Eu estive com o presidente Lula e ele está
muito incomodado com esse processo. Para ele, nada é mais constrangedor
que esse tipo de proposta", disse Carvalho.
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