"A moral e a coerência tucanas são mesmo um primor", diz Jean Wyllys, em crítica ao "silêncio constrangedor" dos parlamentares do PSDB em relação à denúncia contra Eduardo Cunha (PMDB-RJ), e o fato de o líder da bancada ter participado de reunião com o peemedebista "a portas fechadas"
Nem mesmo Aécio Neves, principal liderança do
PSDB em atividade parlamentar, se pronunciou sobre as denúncias contra
Eduardo Cunha (reprodução)
O
deputado federal Jean Wyllys (PSOL-RJ) criticou, nas redes sociais, o
comportamento de parlamentares tucanos em relação à denúncia contra
Eduardo Cunha (PMDB-RJ) por corrupção e lavagem de dinheiro ao STF nesta
quinta-feira 20. A PGR pede restituição de mais de U$ 80 milhões, além
de prisão de 184 anos para o atual presidente da Câmara.
Nesta quinta, Wyllys postou em sua página no Facebook: “A bancada do
PSDB na Câmara Federal – também conhecida como o ninho dos tucanos – não
só mergulhou em silêncio constrangedor em relação à denúncia da PGR
contra Eduardo Cunha (acusado de corrupção passiva e de lavagem de
dinheiro), como o deputado Carlos Sampaio, líder da bancada do PSDB,
participou de reunião a portas fechadas com Eduardo Cunha (da qual
participaram também o líder do DEM, Mendonça Filho, e do PSC, André
Moura) para ver meios de blindar o denunciado e o manter na presidência
da Câmara”.
“Ah, a moral e a coerência tucanas são mesmo um primor, né? FHC
também ainda não abriu o bico. Por quê? Quanto ao DEM e ao PSC, nós já
sabemos a que valores servem esses partidos”, continuou o deputado do
PSOL. Seu partido, sob liderança do deputado Ivan Valente (SP), pede a
saída de Cunha da presidência da Casa e ainda a abertura de um processo
de investigação na Comissão de Ética e Decoro Parlamentar, o que abre
caminho para a cassação de seu mandato.
Em uma nota pluripartidária assinada ontem, deputados pediram o afastamento de Cunha do comando da Casa. Confira abaixo o manifesto de deputados de dez partidos contra Cunha:
A denúncia contra o presidente da
Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, por corrupção e lavagem de
dinheiro, apresentada pela Procuradoria Geral da República, é
gravíssima. Com robusto conjunto probatório, ela não apenas reforça as
informações sobre o envolvimento de Cunha no esquema criminoso
investigado pela Operação Lava Jato, como expõe o Parlamento brasileiro e
torna insustentável a sua permanência na Presidência da Casa.
O Ministério Público acusa Eduardo
Cunha de corrupção e lavagem de dinheiro – referente ao recebimento de
US$ 5 milhões de um lobista e outras milionárias transações. Apurou-se
também que Cunha se utilizou de requerimentos de informação para
chantagear empresários que estariam com parcelas de propina em atraso –
requerimentos esses originados em seu gabinete e assinados pela então
deputada Solange Almeida.
A diferença da condição de um
investigado em inquérito para a de um denunciado é notória. Neste caso,
Cunha é formalmente acusado de ter praticado crimes. Com a denúncia do
Ministério Público, a situação torna-se insustentável para o deputado,
que já demonstrou utilizar o poder derivado do cargo em sua própria
defesa.
Exercer a Presidência da Câmara dos
Deputados exige equilíbrio, postura ética e credibilidade. A
responsabilidade de dirigente maior de uma das casas do Poder
Legislativo é incompatível com a condição de denunciado. Em defesa do
Parlamento, clamamos pelo afastamento imediato de Eduardo Cunha da
Presidência da Câmara dos Deputados. Parlamentares do PSOL, PSB, PT,
PPS, PDT, PMDB, PR, PSC, PROS, PTB.
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