BRASÍLIA - Em seu primeiro
contato com os investidores para minimizar a desconfiança após ser
nomeado ministro da Fazenda, Nelson Barbosa disse que a reforma da
Previdência Social é a prioridade do governo e afirmou que haverá
mudanças no sistema de idade mínima para as aposentadorias.
Barbosa
destacou o esforço do governo em reduzir as despesas e priorizou as
obrigatórias. Entre elas, citou a reforma na Previdência Social como uma
das prioridades e a reforma tributária como outra. "Esperamos
consolidar e terminar a proposta no início de 2016", afirmou. Para o
novo ministro, essa mudança é essencial para o equilíbrio das contas
públicas.
O novo ministro reafirmou o compromisso do governo com a
meta fiscal de 2016 e disse que "os recursos que ficarem faltando serão
compensados com outras medidas". Os investidores questionaram o
ministro sobre a inflação e a situação fiscal do País. O ministro
reafirmou a necessidade de um ajuste fiscal e frisou que o Banco Central
está atuando para controlar a inflação e que o governo está buscando
medidas com pouco impacto inflacionário. "Estamos focados na redução da
inflação", disse.
Barbosa lembrou que o governo enviou ao
Congresso uma proposta de meta para 2016 com a possibilidade de
abatimento, mas o Congresso não aprovou a medida. Mesmo assim, o
ministro reiterou o compromisso. "Vamos perseguir a meta fiscal do
próximo ano", disse durante a teleconferência organizada pelo J.P.
Morgan.
Esperançoso com os projetos de infraestrutura e
questionado por investidores sobre o mercado para investimentos no
Brasil, Barbosa disse que o Brasil está "pronto para colocar muitos
projetos de infraestrutura". "O Brasil continua sendo um país com várias
oportunidades para investimento", afirmou. A intenção do ministro é
atrair investimentos não só nacionais como também os estrangeiros.
Para
ele, o objetivo inicial deve ser o de estabilizar o investimento para,
posteriormente, aumentá-lo. O ministro citou quatro estudos de
aeroportos que serão concedidos à iniciativa privada: Fortaleza,
Florianópolis, Porto Alegre e Salvador. "Estamos revisando nossas regras
de telecomunicações e melhorando o marco regulatório", afirmou.
Salário mínimo. Barbosa
garantiu que o governo não pretende alterar a regra de reajuste do
salário. Barbosa disse que pretendia esclarecer aos participantes da
conferência - o primeiro contato com o mercado financeiro depois da sua
indicação para o Ministério da Fazenda -, que não há plano de mudança,
mas falou em seguida no "curto prazo". Ele destacou que o Congresso
Nacional já aprovou a regra até 2019.
A regra atual estabelece a
correção do salário mínimo para o período de 2016 a 2019 com base no
Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) do ano anterior mais a
variação do PIB de dois anos anteriores.
Como o Brasil está em
recessão, os analistas do mercado têm uma preocupação de que a regra
mude para favorecer um reajuste maior, com impacto negativo para as
contas públicas. Boa parte das despesas do governo federal está atrelada
à correção do salário mínimo.
"As regras do salário mínimo já
foram debatidas. As regras foram definidas até 2019", disse. Segundo
ele, esse mecanismo mantém o custo real do salário mínimo estável nos
próximos anos por conta do baixo crescimento da economia.
Barbosa
lembrou que o governo manterá os programas sociais e os classificou como
importantes. "Criamos nova linha do Minha Casa Minha Vida reduzindo os
custos fiscais do programa", disse. "Estamos fazendo programas sociais
compatíveis com a situação fiscal", frisou.
Ajustes. Questionado
sobre o câmbio elevado, o ministro afirmou que o Brasil não possui meta
para taxa de câmbio. "Temos alguns mecanismos como os leilões de swap
para evitar o excesso de volatilidade", frisou. O novo dirigente da
Fazenda disse ainda que o Banco Central continua operando com autonomia
para convergência da inflação à meta. Otimista em meio à crise, Barbosa
afirmou que o governo vai estabilizar a dívida pública e o superávit
primário será o necessário para isso.
Para o ministro, as reservas do País não têm de ser usadas para financiar investimentos e sim em caso de choques.
Com um discurso semelhante ao de sexta-feira e à fala em entrevista exclusiva ao Broadcast, serviço de informações em tempo real da Agência Estado,
no sábado, Barbosa ressaltou que está trabalhando para melhorar a
situação da economia e destacou que o governo está focado em criar
condições para aumentar o investimento. "Há muita oportunidade no
Brasil, principalmente com a taxa de câmbio atual", disse.
Otimista,
o ministro aparentou confiança de que o Congresso Nacional irá ajudar a
equipe econômica e o Brasil. "Somos capazes de aprovar as reformas no
Congresso", disse. Questionado sobre as dificuldades que o governo
enfrentou, Barbosa reiterou que "muitas coisas foram feitas no ano
corrente".
O ministro lembrou ainda que o governo fez um grande
contingenciamento nas despesas em 2015, mas que o corte não foi
suficiente para que a meta desse ano fosse cumprida conforme os planos
originais.
Sobre o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e
Social (BNDES), o ministro afirmou que a instituição tem suas próprias
fontes de receita e que o governo mudou as condições de financiamento de
infraestrutura do Banco.
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