Josias de Souza
Preso
há dois meses e 12 dias por ordem do Supremo Tribunal Federal, Delcídio
Amaral continua sendo o líder do governo Dilma Rousseff no Senado. A
presidente não indicou um substituto. Tampouco preocupou-se em
formalizar a destituição do encarcerado. Nos registros internos e no
site do Senado, Delcídio ainda ocupa o posto de líder do conglomerado
governista.
A demora de Dilma em escolher um substituto para
Delcídio já lhe rende críticas. “Em política, não convém confiar em
ninguém com mais de 30”, ironiza em privado um senador do PDT. “Não
convém confiar sobretudo em alguém com mais de 30 dias de cadeia.” Outro
senador, do PT, o partido que ensaia a expulsão de Delcídio, afirma que
a omissão de Dilma “ofende” os integrantes do bloco governista. “É como
se não houvesse nenhum senador merecedor da confiança do Planalto”,
explica.
Delcídio tornou-se sócio-atleta da Operação Lava Jato
graças à gravação de uma conversa que manteve com Bernardo Cerveró,
filho do petrodelator Nestor Cerveró. A fita registra uma conversa
vadia. Para comprar o silêncio de Cerveró, Delcídio informa ao filho do
ex-diretor da Petrobras que tinha acesso a quatro ministros do STF —com a
ajuda do “Michel” e do “Renan”.
O
senador esclarece na gravação que tinha como providenciar junto ao
banqueiro André Esteves, do BTG Pactual, um mensalão de R$ 50 mil para a
família Cerveró, além de recursos para custear a fuga do patriarca à
Espanha, depois que a quadrilha arrancasse um habeas corpus do STF,
libertando o ex-diretor da Petrobras da cadeia.
Não é só na
liderança do governo que a ausência de Delcídio é premiada. O preso
continua recebendo salário mensal de R$ 33,7 mil. Embora sua morada
provisória se localize atrás das grades, o senador recebe também o
auxílio-moradia. Coisa de R$ 5,5 mil mensais. De resto, o gabinete do
detento tornou-se uma superestrutura pendurada no bolso do contribuinte.
Os 14 assessores de Delcídio custam ao Tesouro algo como R$ 300 mil por
mês.
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