Michel Temer terminou a primeira batalha pela manutenção de seu mandato com mais de 100 votos (contando ausências e abstenções) do que o necessário para barrar o avanço da denúncia da Procuradoria-Geral da República contra ele por corrupçãopassiva. No discurso logo após a proclamação do resultado, o presidente foi ágil ao afirmar que o foco agora é colocar o Brasil de volta nos trilhos.
Mas os números da votação evidenciam que a tarefa está longe de ser fácil.
Para aprovar a reforma da Previdência, por exemplo, o governo precisa do apoio de dois terços da Câmara dos Deputados — quase 80 votos a mais do que conseguiu angariar (com muito custo) nesta quarta-feira.
O
resultado da sessão que o livrou do STF também sinaliza uma excessiva
dependência do centrão e uma baixa margem diante de eventuais deserções.
“Temer tem pouco colchão para amortecer possíveis perdas de votos daqui
para frente, além de ficar ainda mais dependente do centrão”, afirma
Thiago Vidal, da consultoria Prospectiva.
Por outro lado, o
comportamento dos deputados que pertencem aos partidos que declararam
apoio a governo pode sinalizar que o jogo de barganhas com as bancadas
ainda não foi suficiente. Pelo menos cinco das 15 legendas que
orientaram a aprovação do parecer do deputado deputado Paulo Abi-Ackel
(PSDB) ficaram quase divididas na hora da votação. (Veja: Como votou cada deputado)
O PSDB, apesar do susto ao orientar voto a favor da denúncia, também acabou rachado: com 22 deputados do lado do governo, 21 contra e outros 4 ausentes.
Temer sai fortalecido depois desse dia 2 de agosto? Até segunda ordem, sim.
Mas, como lembra Marcelo Issa, da Pulso Público, sua situação continua
frágil. E a depender do desenrolar dos fatos (e do teor de possíveis
novas denúncias), o custo para permanecer no Palácio do Planalto pode
ser muito mais alto do que os mais de 2 bilhões de reais em emendas que
liberou para a Câmara no último mês.
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