A Copa América no Brasil vem se mostrando um fracasso de público, mas um sucesso de bilheteria. Até o momento, as rendas obtidas no torneio superam R$ 42 milhões em apenas seis partidas, com preço médio do ingresso em R$ 288.
Esse valor é acumulado enquanto a imagem exibida pelas emissoras de TV mostram estádios vazios, com menos da metade da taxa de ocupação na maioria dos jogos.
Até agora, foram 148.425 pagantes, média de 24.737 por jogo. A última edição que terminou com média mais baixa foi a competição de 2004, no Peru, que teve, em média, 19,9 mil pessoas por partida.
No jogo entre Venezuela e Peru, na Arena do Grêmio, no último sábado (15), o público de apenas 11.107 pagantes --o menor da primeira rodada do torneio-- resultou em uma renda de R$ 2,4 milhões.
Apesar da bilheteria milionária, menos de 20% do estádio estavam ocupado em Porto Alegre. A renda desse jogo (R$ 2,4 milhões) foi maior que a registrada na partida entre Uruguai e Equador (R$ 1,5 milhão), que teve um número maior de pagantes (13.611) no domingo (16). Enquanto o tíquete médio do empate sem gols entre Venezuela e Peru foi de R$ 216, o registrado na vitória por 4 a 0 do Uruguai sobre o Equador foi de R$ 112.
A maior ocupação até agora foi no jogo de abertura entre Brasil e Bolívia, no Morumbi, com 46.342 pagantes e ocupação 69% das cadeiras do estádio. A renda bruta foi de R$ 22,47 milhões, a maior da história do futebol brasileiro.
O valor do tíquete médio da partida foi de R$ 485. O preço dos ingressos no jogo de abertura do torneio variava de R$ 190 a R$ 590. Foram vendidos também pacotes hospitalidade (áreas VIP) com preços de R$ 1.600 a R$ 4.300.
Quem controla as operações da Copa América é o Comitê Organizador Local (COL), criado em 2018. No CNPJ da empresa, os nomes dos administradores são Rogério Caboclo, atual presidente da CBF; Antônio Nunes Lima, o coronel Nunes, ex-presidente e atual vice-presidente da confederação; Fernando Sarney, também vice-presidente; e a própria CBF, que sede seu endereço para o registro do COL na Receita Federal.
A Folha apurou que o COL foi cobrado pela Conmebol. Dona do evento, a confederação sul-americana está descontente com a ocupação dos estádios na competição.
"Acreditamos que à medida em que o dia dos jogos vai se aproximando, as vendas irão melhorando. Conhecemos a cultura da América do Sul, que gosta de comprar as coisas no último momento. Somos conscientes da situação", afirmou o presidente da Conmebol, o paraguaio Alejandro Dominguez, na quinta (13), antes do início da competição.
A renda de Brasil e Bolívia supera o que o São Paulo, dono do estádio do Morumbi, arrecadou até o momento na temporada de 2019.
O clube tricolor teve renda acumulada de R$ 20,3 milhões em 15 jogos que disputou em sua casa.
Também supera, e muito, o recorde anterior de maior bilheteria do futebol brasileiro --R$ 15,1 milhões obtidos na vitória por 3 a 0 do Brasil sobre o Chile em 2017, nas eliminatórias sul-americanas, no Allianz Parque.
Já a arrecadação média da Copa América (R$ 7,1 milhões por jogo) é mais de 400% da renda média de Corinthians, Palmeiras e Flamengo, clubes com maiores receitas de bilheteria no ano: cerca de R$ 1,6 milhão por partida cada um.
O jogo entre Paraguai e Qatar, realizado neste domingo (16), no Maracanã, foi outro com pouco público. Apenas 19.162 pessoas pagaram para acompanhar a partida que terminou empatada em 2 a 2 e teve renda de R$ 2,3 milhões, com ocupação de 28%.
COL afirma que 4.327 pessoas com ingresso não foram à abertura.
Antes do início da Copa América, o COL chegou a anunciar que os jogos de estreia do Brasil, na última sexta-feira, em São Paulo, e da Argentina, no sábado, em Salvador, estavam com ingressos esgotados. As partidas, porém, tiveram taxa de ocupação de 69% no Morumbi e 68% na Fonte Nova.
O comitê afirmou que, no Morumbi, com capacidade para 65.601 pessoas, houve bloqueios de alguns assentos para acomodar equipamentos técnicos. Por isso a capacidade do estádio para esse jogo foi reduzida para 60.340.
Segundo o COL, 4.327 torcedores com ingressos não compareceram ao Morumbi.
"O número total de ingressos emitidos foi de 51.587. Desse total, 47.619 foram vendidos e 3.968 foram cortesia. Dos 47.619 ingressos vendidos, compareceram 46.342 torcedores. (...) Portanto, 1.277 pessoas que compraram ingressos não foram ao estádio. Das 3.968 cortesias, 918 compareceram, portanto 3.050 não compareceram", afirmou.
De acordo com o comitê, as cortesias foram enviadas às associações nacionais participantes do torneio, patrocinadores, parceiros e detentores de direitos do evento e tribunas de convidados.
O COL informou que pacotes para áreas VIP, que incluem benefícios além do ingresso, fizeram com que o valor médio da entrada para a abertura chegasse a R$ 485.
Fonte: Folha de SP
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