Com o
tempo suficiente temos oportunidades de várias reflexões, temos muito o que
agradecer, muitas pessoas vivem aglomerados em contêineres. Muitas pessoas no
mundo inteiro estão sofrendo mais do que outras com esse cenário, a maioria
divide barracos paupérrimos de madeira molhada sem qualquer tipo de higiene
básica dentro da chamada jungle, numa grande favela de refugiados sem as
mínimas condições básicas.
Desde
que um caso de covid-19 foi anunciado oficialmente, existe o pavor de que o
coronavírus seja o estopim de uma catástrofe humana ainda mais sem precedentes.
Porque, claro, fazer quarentena dentro de quatro paredes, protegido
efetivamente de qualquer infecção, exige uma mudança de comportamento, mas dá
para tocar a vida. E quem não tem uma casa? Pior: quem não tem sequer a
oportunidade de voltar para a sua terra natal, como muitos brasileiros
conseguiram fazer quando eclodiu a pandemia.
Constantemente
vemos relato cheio de sonhos de quem está vivendo agora uma quarentena surreal,
com exigências impossíveis de serem concretizadas. Uma realidade nua e crua.
Com água, energia, alimentação, gás, uma certa condição financeira, ainda nos
sufoca todo esse contexto, imagina fazer quarentena sem tudo isso?
Muitas
pessoas enfrentando violência, pela guerra diária da sobrevivência humana,
precisamos refletir diante de vários cenários que assistimos na mídia social,
como também, sabemos de sofrimento de pessoas próximo de nós também.
Imaginemos
uma família inteira dentro de uma casinha de madeira, ouvindo o seguinte
anúncio pelos alto falantes: "vocês devem evitar sair de casa, tenham
cuidado com a higiene pessoal, usem máscaras e não estejam em ambientes cheios,
com outras pessoas, para evitar a propagação do coronavírus. A partir de agora,
e pelo menos pelos próximos 30 dias, vamos estar em regime de quarentena.
Ninguém entra, ninguém sai de casa. O máximo que estamos autorizados é ir ao
mercado aqui ao lado. E somente um membro de cada família. Tudo controlado pela
polícia. Analisa aí?
As
vezes até entendemos perfeitamente o comportamento de algumas pessoas, porque
eles não dão a mínima para esse anúncio, a necessidade fala mais alto. Temos
outros problemas aqui, a proporção do vírus, se alastrou de uma forma
abrangente, e esperamos que após esse surto inesperado e que de fato merece ser
combatido não se pode levar na brincadeira, porém, em escala global a população
não está preparada para uma quarentena longa e duradoura. Vai surgir nas
pessoas o estresse diário de forma natural, isso deve ser observado e ponderado
também.
Não
sabemos o que o amanhã vai nos trazer. Todo o nosso esforço para chegar até aqui
terá sido em vão? Conseguem entender que temos preocupações muito maiores? Não
é que o Covid-19 não preocupe, todos aqui entendem que a situação é grave, mas a
cabeça segue funcionando de outra maneira.
Além
do anúncio, a administração pública segue explicando o que as pessoas devem
fazer para não se infectar. Informações sobre lavar as mãos pelo menos oito
vezes por dia, evitar aglomerações, essas orientações que todos já sabemos de
cor e salteado. Acompanhamos as notícias, sabemos perfeitamente o que está
acontecendo no mundo inteiro. É quase impossível, no entanto, não pensar no
quão absurdas são essas determinações, para uma grande maioria das pessoas que
sequer tem água em casa e sem nenhuma estrutura básica de sobrevivência.
Vamos
retratar a realidade de várias famílias de qualquer parte do mundo de área em
vulnerabilidade social. Vamos ser mais didáticos: três vezes por dia, tem que
ir para a fila da comida. São duas, três horas esperando por um prato de massa
ou arroz. Duas ou três horas numa fila apertada, com um monte de gente
respirando, tossindo e espirrando próximas umas das outras. Então simplesmente essas
pessoas não devem mais ir recolher a comida? É isso que querem? Entendem agora
um pouco melhor a enorme e brutal dificuldade da quarentena de muitas famílias
pelo mundo.
Está
claro que o vírus chegando em determinadas localidades do planeta, vai atingir
a todos sem distinção. Mas o que as pessoas poderão fazer? Existe famílias em
barraco são no mínimo cinco pessoas vivendo juntas, não tem outra opção. É
simplesmente impossível uma "quarentena digna", para essa parcela da
população.
O que
de fato estamos presenciando é o resultado que não está aparecendo de forma
satisfatória, e sim, de forma lenta e gradual que não tem solucionado muitas
coisas.
"Lavem
as mãos oito vezes por dia", é a solicitação. Como famílias que nem sequer
tem água em casa poderão fazer isso? Especialmente quando você vive em
situações insalubres, onde não há torneiras. Vamos fazer as contas: muitas
pessoas tem que ir todos os dias para a fila da comida. São seis, sete horas do
dia para café da manhã, almoço e janta. Logo, se der tempo para comer, tem que
carregar o que puder de galões e garrafas de água, em outras viagens até a
"torneira mais próxima". Isso tudo para o único sustento e higiene
requeridos.
Quarentena?
Podem falar o que quiserem, mas em algum lugar não existe. "Tenham uma boa
higiene", reforçam todos os dias. Mas as dificuldades impedem essa
normativa. Os preços já estão aumentando. Como vamos sobreviver nessas
condições? Além disso, a situação está ficando mais tensa do que nunca.
Como
ninguém está vendendo muito, já que não há reposição do estoque local por conta
da quarentena, os vendedores não têm mais dinheiro para pagar os fornecedores.
Ou naturalmente estão se recusando.
Portanto,
a hora é de união entre todas as autoridades do mundo e pensar no bem comum da
população em geral e esquecer quaisquer formas de interesse de nenhuma
natureza, a situação atual só nos permite ser consciência e refletirmos o que
devemos fazer para contribuir da melhor maneira. Devemos ser fortes e pedir
forças à Deus para interceder nesse momento tão delicado para o nosso mundo.
Artigo
escrito por: Alexandre Almeida
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