Felipe Machado – Isto É
Voto impresso: Oposição pressiona Lira a votar PEC e responder a desfile
A data de hoje, 10 de agosto, deve entrar para o
calendário nacional como o dia em que, oficialmente, Jair Bolsonaro destruiu a
credibilidade das Forças Armadas do Brasil não apenas diante do povo
brasileiro, mas do mundo inteiro. Cenas de blindados percorrendo a Esplanada
dos Ministérios correrão o planeta em telejornais, sites e posts das redes
sociais. Em comum, transmitirão apenas uma mensagem: somos governados por um
delinquente.
Enquanto o Brasil dá calote nos precatórios e tenta
emplacar qualquer tipo de pedalada fiscal, Bolsonaro torra dinheiro público
para ver passar diante de si tanques de guerra, como um pirralho mimado que
exige o brinquedo mais caro enquanto os pais passam fome.
A imagem do País no exterior, que já é péssima,
levará décadas para ser reconstruída. É isso que o mentecapto que ocupa a
presidência pretende: mostrar força. É justamente o contrário do que terá: se
ainda existe esperança de que o Brasil é uma democracia, o congresso tem a
obrigação de humilhá-lo com uma votação acachapante contra sua proposta
golpista.
Em seguida, é preciso que o Senado aprove
urgentemente o impeachment do Procurador-Geral Augusto Aras, cúmplice do
presidente em gênero, número e grau, e o substitua por um nome que possa honrar
sua função de fiscalizar os poderes em nome da sociedade civil. Aras envergonha
o cargo e seus pares, que cobram de maneira inédita uma honradez que ele nunca
possuirá.
Protótipo de Hugo Chávez, Bolsonaro tenta a
qualquer custo transformar o Brasil em uma Venezuela. Resta saber se ele será
punido por isso ou se o deixaremos agir livremente. Estimula o armamento da
população, critica a imprensa que expõe suas mentiras e ataca o Judiciário,
como um rato acuado que sabe que será preso ao deixar o poder. É uma pena
constatar que as Forças Armadas brasileiras estejam se prestando ao patético
papel antes desempenhado apenas pelas milícias de Rio das Pedras.
Bolsonaro pressiona o Congresso a aprovar o voto
impresso, a mais recente de suas sandices. A população ainda sofre com sua
negligente gestão do País diante da pandemia, temos quase 15 milhões de
desempregados, a Amazônia vem sendo destruída como nunca se viu, a seca atinge a
lavoura, a matriz energética está em risco, as áreas da Educação, Ciência e
Cultura estão devastadas, as universidades não têm verbas, as comunidades
indígenas estão sendo exterminadas. E, no entanto, Bolsonaro quer que o voto
seja impresso. Não há nenhuma racionalidade na discussão, mas isso não importa.
O que ele quer é ver os tanques desfilando na rua, ameaçar a democracia,
eliminar os inimigos. É uma fixação patológica de um ser humano doente. É
preciso retirá-lo do cargo e jogá-lo em uma cela o mais rápido possível, antes
que a destruição do País seja irremediável.
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