Política

Urna eletrônica já deu 115 milhões de votos ao clã Bolsonaro e garantiu 76 anos de salários

 


 

Levantamento feito pelo repórter Gabriel Barreira indica que Bolsonaro e os familiares foram eleitos 19 vezes.

 

Por Octavio Guedes e Gabriel Barreira

10/08/2021 06h00  Atualizado 10/08/2021

 

Gratidão é uma palavra que não existe no dicionário de Bolsonaro. Se ele tivesse este sentimento, jamais atacaria a urna eletrônica que garante o sustento dele e de sua família desde a década de 90.

 

Levantamento feito pelo repórter Gabriel Barreira indica que Bolsonaro e os familiares foram eleitos 19 vezes, o que garantiu 76 anos de mandatos para o clã. Quase um século de salários garantidos. Salários dos parlamentares eleitos pela franquia política com a marca Bolsonaro, além dos ganhos de assessores nomeados, obrigados a fazer rachadinha segundo o Ministério Público do Rio de Janeiro.

 

1 de 1 Presidente Jair Bolsonaro segue atacando o uso de urnas eletrônicas nas eleições brasileiras. — Foto: Reuters/Ueslei Marcelino

Presidente Jair Bolsonaro segue atacando o uso de urnas eletrônicas nas eleições brasileiras. — Foto: Reuters/Ueslei Marcelino

Segue o relato de Gabriel:

 

Da primeira eleição eletrônica em 1996 a 2020, sempre houve um Bolsonaro candidato.

 

Jair, Flávio, Carlos, Eduardo e até uma de suas ex-mulheres, Rogéria, fizeram a vida na política.

 

O total de votos despejados neles ao longo desses 25 anos foi de 115.228.634, incluindo os dois turnos de 2018, como mostra esse levantamento exclusivo.

 

Bolsonaros

Ano

Candidato

Votos

Foi eleito?

Cargo

1996

Rogeria Nantes Braga Bolsonaro

24891

Sim

vereador

1998

Jair Messias Bolsonaro

102893

Sim

Deputado federal

1998

Renato Antônio Bolsonaro

17219

Não

Deputado estadual

2000

Rogeria Nantes Braga Bolsonaro

5109

Não

Vereador

2000

Carlos Nantes Bolsonaro

16053

Sim

Vereador

2000

Renato Antonio Bolsonaro

994

Não

Vereador

2002

Flavio Nantes Bolsonaro

31293

Sim

Deputado estadual

2002

Jair Messias Bolsonaro

88945

Sim

Deputado federal

2004

Carlos Nantes Bolsonaro

22355

Sim

Vereador

2004

Renato Antonio Bolsonaro

434

Não

Vereador

2006

Jair Messias Bolsonaro

99700

Sim

Deputado federal

2006

Flavio Nantes Bolsonaro

43099

Sim

Deputado estadual

2008

Carlos Nantes Bolsonaro

28209

Sim

Vereador

2008

Renato Antonio Bolsonaro

202

Não

Vereador

2010

Jair Messias Bolsonaro

120646

Sim

Deputado federal

2010

Flavio Nantes Bolsonaro

58322

Sim

Deputado estadual

2012

Carlos Nantes Bolsonaro

23679

Sim

Vereador

2012

Renato Antonio Bolsonaro

2955

Não

Vereador

2014

Jair Messias Bolsonaro

464572

Sim

Deputado federal

2014

Eduardo Bolsonaro

82224

Sim

Deputado federal

2014

Flávio Nantes Bolsonaro

160359

Sim

Deputado estadual

2016

Carlos Nantes Bolsonaro

106657

Sim

Vereador

2016

Renato Antonio Bolsonaro

2473

Não

Vereador

2016

Flávio Bolsonaro

424.307

Não

Prefeito

2018

Jair Messias Bolsonaro

57797847

Sim

Segundo turno/Presidente

2018

Jair Messias Bolsonaro

49277010

Ida ao 2º turno

Primeiro Turno/Presidente

2018

Flávio Nantes Bolsonaro

4380418

Sim

Senador

2018

Eduardo Nantes Bolsonaro

1843735

Sim

Deputado federal

2020

Rogeria Nantes Bolsonaro

2034

Não

Vereador

 

O único que nunca conseguiu ser eleito foi o irmão do presidente Renato Bolsonaro. As outras duas derrotas da família foram de Rogéria, em 2000 e em 2020, quando já estava divorciada de Jair. Flavio Bolsonaro perdeu uma eleição para prefeito do Rio em 2016, mas já era deputado estadual.

 

A teoria conspiratória de que o "sistema" se volta contra Bolsonaro para não elegê-lo esbarra num pequeno detalhe: os fatos.

 

Corria o mês de maio de 1999. FHC era o presidente e Jair defendeu empilhar seu corpo numa guerra civil. "Matando uns 30 mil, começando com FHC".

 

Durante os dois mandatos tucanos, apesar das ameaças, a urna eletrônica elegeu Bolsonaros cinco vezes.

 

Depois veio Lula, a quem Bolsonaro chamou de ladrão, mafioso, corrupto e mentiroso — como registram as notas taquigráficas da Câmara dos Deputados.

 

E, enquanto o petista foi presidente, a urna eletrônica elegeu a família do capitão em outras seis oportunidades.

 

Se a urna é fraudável, por que FHC e Lula não tiraram Bolsonaro do pleito? E por que ela seria fraudada agora, justamente quando o capitão é o líder máximo da nação?

 

 

Fonte: G1

 

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