A observação não é minha. Pertence ao professor e historiador Antônio
Barbosa e foi dita durante uma rica e recente entrevista ao jornalista Adriano
Farias, da Rádio Senado, por ocasião dos 60 anos da renúncia do exótico
presidente Jânio Quadros. Valho-me dela por afinidade e absoluta concordância.
Na sua estratégia
política, o presidente Jair Bolsonaro vai aos poucos tomando para si os
símbolos nacionais como sinônimo de apoiamento, um público sequestro da
identidade brasileira.
O bolsonarismo fez
isso com a bandeira nacional, convertida a um sinal de simpatia ou partidarismo.
A camisa da seleção de futebol entrou nessa. De tão perfilada por apoiadores de
Bolsonaro, quem não tem a mesma afinidade política passou a usá-la com
constrangimento ou deixá-la no guarda-roupa.
Agora, o 7 de
setembro também entrou no pacote. Virou a data da grande mobilização em favor
de Bolsonaro. O manifesto de lugar nenhum para nenhum lugar, sem causa e nem
propósitos, a não ser de reforço popular a um presidente que faz tudo menos
governar e gasta o precioso tempo de chefe da Nação com motociatas, cavalgadas
e afins.
Tão nítida quanta
a constatação precisa ser também nossa autocrítica. O arrebatamento dos
símbolos nacionais só tem sido possível pelo absoluto desuso dos últimos
tempos. O brasileiro vem perdendo a autoestima e nossa identidade, a força.
Fomos deixando
ficar obsoleto o verde-amarelo que já foram as cores do nosso brio. E há tempos
o 7 de Setembro foi relegado às cerimônias protocolares, sem presença e nem
mobilização popular, escolar e cívica. Pelas desventuras ou falta de estímulo,
perdemos esse apreço nato, sincero e comovido sentimento de pertencimento e
orgulho de quem somos.
E os principais
adversários ainda contribuem com a apropriação indébita. Nas passeatas da
esquerda, o vermelho é a cor predominante que revida e oficialmente renuncia ao
verde-amarelo. Por contraposição, desconforto ou recibo passado?
Bolsonaro
aproveitou a porta aberta, entrou e tomou só para si o que é de todos. Com o
benefício particular de estar posando de resgatador histórico do que se deixou
perder pelo tempo, desídia, ideologia ou mesmo desinteresse das novas gerações.
Um assalto a uma vítima tão negligente quanto passiva.
Fonte: https://heroncid.maispb.com.br/
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