Luis Alberto Guedes
Natural de João Pessoa, Luis Alberto Guedes é Bacharel em Jornalismo pela UFPB. Atualmente é acadêmico da faculdade de Direito é pós-graduado em Gestão Pública na Fundação Getúlio Vargas, em São Paulo. Aluno Marista por nove anos, conheceu política no Pio X, onde foi eleito por três vezes presidente do Grêmio Estudantil. É conhecedor de Marketing e Consultoria política. Passou pelo Jornal A União e pelo Portal PB Agora. Atualmente é editor do MaisPB e apresentador do programa ´Tribuna do Povo´, dá Rádio Sanhauá.
Ainda bastante abalado com a prematura e traumática partida de Eduardo Campos, assisto estarrecido as especulações que correm pelas redes sociais apontando criminosamente possíveis autores do acidente, para alguns premeditado, planejado e executado pelo PT, no intuito de tirar de cena o adversário. A teoria, mais que esdrúxula - já beirando a insanidade (para não dizer ‘ao ridículo’; ao ‘patético’; ‘ao desumano’, até) para mim não faz o menor sentido, não apenas pelo fato de haver 'vida e morte' em jogo, mas por que, por mais que alguns tentem me convencer que pelo poder tudo é possível, as situações sequer tem uma lógica que as fundamente. Afirmo, antes de tudo, que não é minha intenção fazer dessa coluna uma defesa às vítimas dessas bizarras acusações, mas por não suportar assistir em silêncio teses sem qualquer fundamento se proliferarem dessa forma, se aproveitando da inocência de grande parte da população. Precisamos pôr fim a isso, em nome da justiça e da racionalidade que nos diferencia dos animais selvagens.
A priori, por mais que Eduardo Campos fosse um político promissor, não era uma ameaça aos planos de Dilma (todas as pesquisas mostravam isso). No máximo o ex-governador pernambucano forçaria um segundo turno e, mesmo assim, favorecendo ainda a própria pestista, já que seus seguidores garantiram a vitória de Rousseff no segundo momento da disputa (tendo em vista que o ideário socialista se aproxima muito menos da filosofia tucana que da dos trabalhistas, essa última ensinada a ser seguida pelo próprio Eduardo, desde o Governo Lula). Enfim, Campos por mais que propagasse um discurso oposicionista (e nada estranho, já que disputava o posto ocupado por Dilma) e mesmo que se posicionasse simpático aos planos do PSDB, não transferiria seu espólio ao tucano mineiro.
Outra situação que me impede de crer nessa ideia absurda de conspiração assassina é a própria lógica que resultaria dela. Pergunto: quem mais teria chance de se aproximar de Dilma e Aécio na briga, Eduardo ou Marina? A resposta leva à ex-seringueira, basta relembrar as pesquisas feitas à época em que ela ainda alimentava esperanças de entrar na disputa com o seu ‘Sustentabilidade’. Desta feita, faria algum sentido tirar de cena um adversário menos nocivo para deixar pronto pra batalha alguém que pudesse ameaçar mais? “Mas Luis, a ideia era tirar Eduardo da briga e não permitir a candidatura de Marina”. Eita danado, então até a executiva nacional do PSB - que tinha em Eduardo um ícone - está envolvida na “conspiração” que supostamente subtraiu a vida de Campos? As peças estão se encaixando pra vocês, amigos? De minha parte não consegui encontrar ainda uma mínima peça coerente nesse quebra-cabeças insano, imaturo e de uma irracionalidade quase psicótica.
As próprias circunstâncias provam que tudo não passou de uma grande fatalidade, não uma armação. Se fosse assim, o avião teria explodido logo após a decolagem ou mesmo apresentado algum problema durante o voo, forçando sua posterior (e inevitável) queda. Os últimos minutos de contato do piloto com a torre mostram sua tranquilidade, provando que a máquina operava sem qualquer indício de avaria premeditada. E se o vento lateral não tivesse ocorrido naqueles minutos que precediam uma aterrisagem segura (como todas as que ocorreram antes daquela)? O “plano assassino” teria falhado, não é? Ou até o vento também fez parte dessa conspiração, forçando o piloto a arremeter e, minutos depois, ser vítima dessa “sabotagem”? Amigos, por favor, tem alguma lógica nisso? Se não, por que até os que julgava sábios me procuram para insinuar esse absurdo? Por favor, ao menos respeitem minha modesta inteligência e não ocupem meus ouvidos com essas maluquices.
Quando achei que a teoria havia chegado ao seu ápice de insanidade, nessa manhã mais um fato pôs lenha nessa ‘fogueira’. A caixa-preta, segundo a aeronáutica, não gravou os últimos instantes do fatídico voo. Instantes depois da divulgação da declaração, os ‘chacais’ da especulação foram para as redes sociais alimentar suas ideias de conspiração, usando a ocorrência como mais uma prova ‘suspeita’. Amigos, o problema com a caixa-preta do jatinho que levava Campos não é peça desse grotesco ‘quebra-cabeça’ conspiratório, mas, sim, mais uma situação que entra na lista dos erros mecânicos ou de falta de manutenção, como o transponder desligado do Legacy que se chocou com o avião da GOL, matando a todos em 2006. O desligamento do transponder daquele jatinho também foi culpa do Planalto? ¬¬
O que estamos acompanhando supera a criatividade de mentes insanas, pois, na verdade, é puro reflexo da má-fé dos que fazem política não pelo argumento, ou pelo debate político, mas pelo terror; pela distorção das ideias; pela influência maquiavélica dos inocentes, que usam as redes sociais como uma escola, onde tudo que é dito é fato, sem questionamento. Fico extasiado ao ver desumanos se aproveitando de uma tragédia arrebatadora para, em cima do caixão do ex-governador, protagonizar a mais grotesca forma de política; usando o sangue de quem partiu para tentar demonizar uns para facilitar o caminho de outros. Agir assim foge de tudo que acredito como cristão, pois menospreza o mínimo respeito à vida e a dor dos que tão abruptamente perderam um pai; um filho; um marido; um amigo.
Se temem alguém, ou o projeto que representa, que apresentem algo melhor; que tentem acuá-lo pelo argumento (se é que existe algum, partindo de quem cria essa cena 'surreal' como forma de diminuir seu rival). Não façam da dor uma espada, pois podem acabar tendo o destino premeditdo por Jesus a Pedro: “Quem com ferro fere, com ferro será ferido”.
Descanse na paz Eduardo, já que a guerra ‘rasteira’ por aqui só está começando, infelizmente...
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