Em mais um ataque frontal pesado contra Marina
Silva (PSB) no horário eleitoral na TV, a presidente Dilma Rousseff (PT) acusa
sua adversária direta de propor que os bancos assumam “um poder que é do
presidente e do Congresso, eleitos pelo povo”.
A peça de 30 segundos produzida pelo marqueteiro
João Santana, e que começa a ser veiculada hoje (9.set.2014) nos intervalos
comerciais, mostra uma história simples. Primeiro, aparecem banqueiros felizes
numa reunião. Em seguida, surge uma família na hora da refeição. Enquanto um
locutor vai dizendo que o poder dos bancos aumentará por causa da proposta de
Marina Silva de dar autonomia ao Banco Central, a comida vai sumindo dos pratos
e as pessoas ficam com expressões tristes, de desolação.
O locutor do comercial de Dilma diz que a
autonomia do Banco Central “significaria entregar aos banqueiros um grande
poder de decisão sobre sua vida e de sua família… Os juros que você paga… Seu
emprego, preços e até salário”. E conclui com uma pergunta: “Você quer dar a
eles esse poder?”
Esse comercial faz parte da estratégia de
desconstruir a imagem de Marina Silva. Na semana passada, o marqueteiro João
Santana já havia produzido uma peça publicitária na qual comparava a candidata do PSB com Jânio Quadros e Fernando
Collor, presidentes brasileiros que tiveram pouco apoio no
Congresso –situação que supostamente será enfrentada por Marina, caso ela seja
eleita.
Agora, começou a fase de tentar atacar propostas
objetivas apresentadas por Marina em seu programa de governo –como é o caso da autonomia do Banco Central.
É claro que se trata de uma simplificação com
apenas 30 segundos de duração. Mas os comerciais com essa duração não pretendem
explicar um tema complexo. O objetivo é apenas plantar dúvidas nas cabeças dos
eleitores –e assim subtrair votos do candidato adversário.
Essa tática não tem nenhuma novidade e é usada em
eleições em vários países. No Brasil, tem sido comum esse tipo de comercial. Às
vezes, surte o efeito desejado, como em maio deste ano (2014), com o comercial com o discurso do medo que ajudou
Dilma Rousseff a se manter firme acima dos 30% das intenções de voto.
Eis o comercial de Dilma sobre a autonomia do
Banco Central:
A seguir, a íntegra do roteiro do comercial de
Dilma sobre Banco Central:
[cenário:
homens de terno e gravata discutem em torno de uma mesa, evocando um ambiente
do mercado financeiro]
Locutor: “Marina tem
dito que, se eleita, vai fazer a autonomia do Banco Central. Parece algo
distante da vida da gente, né? Parece, mas não é…”
[música incidental de tom grave, quase
fúnebre]
[corte para uma cena de uma família em torno
de uma mesa, fazendo uma refeição]
Locutor: “…Isso
significaria entregar aos banqueiros um grande poder de decisão sobre sua vida
e de sua família…
[neste momento, uma das pessoas da família,
possivelmente o pai, recebe o prato de comida, mas o alimento desaparece]
Locutor: “…Os juros
que você paga… Seu emprego, preços e até salário…”
[câmera foca os outros integrantes da
família, que começaram felizes e sorridentes, mas agora mudam seus semblantes,
que ficam carregados e tristes].
[tela faz corte abrupto para a cena inicial,
dos banqueiros, agora todos muito mais sorridentes]
Locutor: “Ou seja, os
bancos assumem um poder que é do presidente e do Congresso, eleitos pelo povo.
Você quer dar a eles esse poder?”
[câmera volta para a família que estava
comendo, agora sem nada mais à mesa, e todos com aparência desolada]
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