26/05/2015 06h00
- Atualizado em
26/05/2015 07h45
Proposta será apreciada pelo plenário sem ser votada na comissão especial.
Decisão de votar diretamente no plenário foi tomada por maioria dos líderes.
O texto da reforma política está previsto para ser votado nesta
terça-feira (26) na Câmara dos Deputados. A proposta vai diretamente ao
plenário, depois que líderes partidários decidiram nesta segunda (25) não votar o texto na comissão especial que analisou o tema na Casa.
Segundo o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), a decisão de
votar a matéria diretamente no plenário reflete um "sentimento da
maioria dos líderes". Nesta segunda (25), ele afirmou que o relatório
que seria votado na comissão especial, do deputado Marcelo Castro
(PMDB-PI), estava "em dissonância" com a vontade da maioria dos
parlamentares, o que, segundo ele, dificultava "regimentalmente" a
aprovação do projeto.
saiba mais
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- Relatório da reforma política prevê fim da reeleição e mandatos de 5 anos
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- Cunha defende que reforma política seja votada diretamente no plenário
- Cunha diz que 'distritão' é o único sistema com chance de aprovação
-
Relator diz que é 'esdrúxulo' não votar
reforma política em comissão
O próprio Cunha já havia criticado o relatório de Castro em outras ocasiões. Ele chegou a dizer que “preferível” que o texto não fosse votado do jeito que estava.
A votação feita diretamente no plenário é uma maneira de facilitar
modificações no texto. Caso o relatório de Castro fosse aprovado, os
deputados teriam que rejeitar o texto do relator e aprovar as mudanças
desejadas por meio de destaques (propostas de alteração). Com o projeto
sendo apreciado direto no plenário, os parlamentares poderão votar a
proposta ponto a ponto, sem a necessidade de votar um texto-base.
De acordo com o blog da Cristiana Lôbo,
a falta de consenso fará que a proposta de reforma poítica seja menos
abrangente e mude um ponto com relação à lei atual. O sistema de voto
proporcional que existe hoje, com permissão para coligações nas eleições
proporcionais (para deputados), deve abrir lugar para o chamado
"distritão", um modelo lançado pelo vice-presidente Michel Temer e que
tem a preferência de Cunha.
O relatório de Castro previa o distritão.
Previa também financiamento misto (tanto público quanto privado) de
campanhas, mas com teto para doações, e mandatos de cinco anos para o
executivo, sem reeleição.
Com a ida do texto diretamente para o plenário, a Câmara decidiu que o
novo relator da matéria será Rodrigo Maia (DEM-RJ), que foi o
presidente da comissão da qual Castro foi o relator.
Segundo a Agência Câmara, os líderes decidiram em reunião ontem iniciar a votação pela escolha do sistema eleitoral. Veja a ordem dos temas acordada pelos deputados:
- Sistema eleitoral (sistema de voto em lista; distrital misto; "distritão"; ou distritão misto;
- Financiamento de campanhas (público; privado restrito a pessoa física; ou privado extensivo a pessoa jurídica);
- Proibição ou não da reeleição;
- Duração dos mandatos de cargos eletivos;
- Coincidência de mandatos;
- Cota para as mulheres;
- Fim das coligações;
- Cláusula de barreira;
- Dia da posse para presidente da República;
- Voto obrigatório.
'Decisão esdrúxula'
Segundo a Agência Câmara, os líderes decidiram em reunião ontem iniciar a votação pela escolha do sistema eleitoral. Veja a ordem dos temas acordada pelos deputados:
- Sistema eleitoral (sistema de voto em lista; distrital misto; "distritão"; ou distritão misto;
- Financiamento de campanhas (público; privado restrito a pessoa física; ou privado extensivo a pessoa jurídica);
- Proibição ou não da reeleição;
- Duração dos mandatos de cargos eletivos;
- Coincidência de mandatos;
- Cota para as mulheres;
- Fim das coligações;
- Cláusula de barreira;
- Dia da posse para presidente da República;
- Voto obrigatório.
'Decisão esdrúxula'
Pouco antes dos líderes oficializarem que o projeto seria votado diretamente no plenário, Castro disse ao G1 que a decisão é "esdrúxula" e "desrespeitosa". Ele disse ainda que nunca viu na história da Casa "uma comissão ser impedida de votar seu relatório".
O novo relator, Maia, respondeu às criticas de Castro e disse que se
sente "confortável" de assumir a relatoria do projeto. Para Maia,
"ninguém foi feito de bobo". Ele disse que prevaleceu a vontade da
maioria dos líderes de votar a reforma política diretamente em plenário.
"Ninguém foi feito de bobo. Ele [Castro] está sabendo há muito tempo a
vontade do presidente da Câmara e do líder do partido dele, e o
processo esticou até o limite de se tentar construir um texto que
tivesse apoio. E, quando hoje no almoço, todos os partidos presentes e
alguns que foram contactados por telefone entenderam que era melhor ir
direto para o plenário, não era uma questão pessoal de A, de B ou de C,
era a vontade de todos aqueles que representam os 513 deputados,
inclusive o partido dele", afirmou Maia.
O novo relator disse ainda que apenas o líder do PSOL, Chico Alencar
(RJ), o vice-líder do PT, Henrique Fontana (RS), e a líder do PC do B,
Jandira Feghali (RJ) não apoiaram a decisão.
'Comissão esfaqueada'
O líder do Psol, Chico Alencar (Psol), que participa da comissão da reforma política, afirmou por meio de nota que a decisão de votar o relatório diretamente no plenário é uma "ofensa ao rito parlamentar". A nota diz ainda que a comissão foi "esfaqueada".
O líder do Psol, Chico Alencar (Psol), que participa da comissão da reforma política, afirmou por meio de nota que a decisão de votar o relatório diretamente no plenário é uma "ofensa ao rito parlamentar". A nota diz ainda que a comissão foi "esfaqueada".
"Trata-se de uma ofensa ao rito parlamentar e um absoluto desrespeito
aos seus integrantes. Mais uma vez a vontade imperial do presidente
Eduardo Cunha, seguida servilmente por aliados, sobrepõe-se aos
procedimentos democráticos costumeiros", diz Alencar no texto.
Ele também afirmou que o Psol não foi consultado sobre levar o relatório diretamente ao plenário.
"Na Comissão, “explicam” que a extinção da Comissão foi “decisão dos
líderes”. O do PSOL seguramente não foi consultado e não compactuaria
com este golpe."
O deputado Henrique Fontana, membro da comissão especial da reforma
política, usou o plenário da Câmara para criticar Cunha. Segundo
Fontana, o presidente age de forma "ditatorial" ao "impedir" que o
colegiado vote o relatório de Castro.
"O Presidente da Casa, o deputado Eduardo Cunha, que, de uma forma um
tanto quanto ditatorial, declara em entrevistas que a comissão não deve
votar essa matéria e que seu objetivo é trazer o relatório da reforma
política para votação diretamente no plenário. [...] Ele [Cunha] é o
presidente, mas o presidente não é o imperador. Ele não pode cancelar, a
seu bel prazer, reuniões, terminar com comissões", afirmou.
Questionado sobre as críticas de Fontana, Cunha afirmou que a decisão
de levar a votação direto ao plenário não será dele, mas sim, dos
líderes partidários e que "ditatorial" seria submeter os deputados a um
único modelo de votação.
"O Henrique Fontana é uma das pessoas que sempre atrapalharam a reforma
política. A decisão não é minha, é dos líderes. Eu não faço parte da
comissão e não voto na comissão. Se os líderes partidários não querem
votar, então ele tá chamando todos os líderes de ditatoriais", afirmou.
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