"É óbvio que a redução da maioridade não vai resolver o fim da violência. Mas você terá instrumentos para punir mais"
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O presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ),
voltou a defender nesta sexta-feira, 26, a redução da maioridade penal
de 18 anos para 16 anos. Embora reconheça que não vai determinar o fim
da violência, Cunha argumenta que a medida tem capacidade para "tirar de
circulação aqueles que cometeram crimes". Confrontado por jornalistas
correspondentes de veículos internacionais sobre a superlotação nas
prisões brasileiras, o presidente da Câmara afirmou que a capacidade de
recuperação é uma questão "secundária" e que não se pode deixar de
colocá-los na cadeia por conta da "falta de condições".
"É óbvio que a redução da maioridade não vai resolver o fim da
violência. Mas você terá instrumentos para punir mais. Só a punição
resolve? É claro que só a punição não resolve, mas não é pelo fato de o
sistema carcerário ser ruim que eu vou abolir o Código Penal", disse
Cunha em coletiva no Rio.
"Essa discussão se cadeia recupera ou não recupera é uma discussão
secundária, porque você busca tirar de circulação, do convívio com a
sociedade, aqueles (menores entre 16 e 18 anos) que não têm condições de
conviver pela prática de crimes. Secundariamente, você tem que ver como
pode fazer para recuperá-los. Agora, não é porque a cadeia não está
oferecendo condição de recuperação que eu vou deixar de pô-lo na cadeia
por ter cometido um crime", acrescentou.
O deputado lembrou ainda que iniciativas do Supremo Tribunal Federal
(STF) e do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) já libertaram, só neste
ano, 150 mil pessoas que haviam cumprido suas penas. Isso, para Cunha, é
um sinal de que já há novas vagas no sistema carcerário brasileiro. "Só
nesse ano, foram liberadas 150 mil pessoas. São 150 mil novas vagas no
sistema carcerário feitas do ponto de vista de gestão. Os
administradores públicos têm de fazer sua parte. Gestos iguais a esses
têm de ser feitos", disse.
Para o presidente da Câmara, nem a extensão do período de internação
de menores infratores seria uma medida aceitável. Segundo ele, os
institutos que recebem esses jovens hoje são "fábricas de bandidos". "É
dormitório para bandido que sai para assaltar e volta para dormir sem
nenhum controle", afirmou.
Cunha ainda se mostrou contra qualquer medida de liberalização das
drogas, que, segundo ele, aumentaria o número de usuários. Para ele, a
questão do tráfico de drogas no Brasil é "mercadológica".
"Você não tem traficante de droga e não tem violência associada ao
tráfico de droga se você não tem usuário. Nós temos uma elite no nosso
País que quer a droga, mas não quer o traficante, e as duas coisas são
indissociáveis", disse, defendendo a conscientização de usuários. Com
informações do Estadão Conteúdo.
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