Na semana em que a crise política atingiu a temperatura máxima e o processo de impeachment começou a tramitar na Câmara,
o discurso do governo Dilma é o de que não há outra saída a não ser
partir para a guerra. Nas palavras de um assessor presidencial, "agora, é
matar ou morrer".
Segundo conselheiros da petista, a partir deste fim de semana o Palácio
do Planalto entra em estado de alerta permanente para traçar ações que
garantam os 171 votos necessários para barrar a abertura do processo de
afastamento da petista.
A ideia é "matar" o processo de impeachment o mais rápido possível, caso
contrário o governo "morrerá" num prazo máximo de 60 dias e de forma
melancólica.
O problema, de acordo com um assessor presidencial, é que o governo
chega ao campo de batalha fragilizado e com seu principal general, o
ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, ainda sem definição de quando e em que situação assumirá a Casa Civil para comandar o exército da presidente para evitar seu impedimento.
A preocupação da petista com o impeachment foi manifestada ao seu
antecessor na noite de terça (15). Ao receber resposta de Lula de que
não pretendia entrar no governo, a petista fez um apelo e disse a seu
antecessor que ou lutavam lado a lado ou era o fim do projeto do
partido.
PEDAÇO
A ordem dentro do governo é fazer tudo o que for preciso para evitar uma
debandada na base governista. Segurar um "pedaço" do PMDB virou questão
de sobrevivência. Sem um naco da sigla, a aprovação da abertura do
processo de impeachment é vista como certa.
Em outra frente, o Planalto tentará abrir nesta semana canal de diálogo
com setores da oposição e criar bandeiras que ajudem a aglutinar
novamente a base social do partido em torno da presidente.
A ideia, sugerida por Lula, é "tirar da paralisia" o Minha Casa, Minha
Vida e o PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) e criar iniciativas
nas áreas de cultura e direitos humanos que atraiam setores da
sociedade que, antes simpáticos ao governo, começaram a migrar para a
oposição.
O temor do Palácio do Planalto é de que a guerra aberta exige rapidez e,
nesta fase, as turbulências têm sido diárias, não dando espaço ao
governo para traçar com tranquilidade uma estratégia de reação.
IMPONDERÁVEL
Outro auxiliar disse que o maior problema do governo é que o
"imponderável" ronda o Planalto na forma de delações premiadas que ainda
estão em curso ou estão sendo negociadas, como a do senador Delcídio do Amaral.
O ex-petista, na visão do governo, decidiu "destruir" Lula, o PT e Dilma
Rousseff como vingança por não ter sido defendido quando foi preso na
Operação Lava Jato.
Na avaliação do Planalto, a semana que passou foi uma das piores para o governo: começou com a homologação da delação de Delcídio, passou pela divulgação de áudio de conversa de Dilma com seu antecessor
vista pela PF como tentativa de obstrução judicial e terminou com a
decisão do ministro do Supremo Tribunal Federal Gilmar Mendes suspendendo a posse de Lula e mantendo a investigação com o juiz Sergio Moro.
O ponto positivo, que será explorado daqui para a frente, foram as manifestações pró-Dilma e Lula na sexta-feira (18), em todo o país, mostrando que o governo ainda conta com uma base social disposta a defendê-lo.
Uma base, porém, que precisa ser bem tratada, destaca um ministro. Foi
por isso que Dilma decidiu ceder de vez aos apelos de Lula e engavetou a
reforma da Previdência Social.
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