Pedro Ladeira/Folhapress | ||
Dilma Rousseff e Lula caminham para saída do Palácio do Alvorada após reunião |
Aliados do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmaram que sua nomeação deverá ser anunciada após um café com a presidente Dilma Rousseff na manhã desta quarta-feira (16).
Segundo petistas e integrantes do governo, sua nomeação, se confirmada,
poderá ser acompanhada da entrada de um time no governo Dilma. Essa
seria uma condição imposta por Lula para aceitar o apelo da presidente.
Além dos dois, participam do café da manhã no Palácio da Alvorada os
ministros Jaques Wagner (Casa Civil) e Nelson Barbosa (Fazenda).
Entre os nomes que Lula gostaria de levar para o governo está o de Celso
Amorim para Relações Exteriores. Não está descartada a substituição de Aloizio Mercadante, na Educação. Outros nomes, como o de Ciro Gomes, são ventilados por petistas.
Nas conversas, Lula alega que de nada valerá sua chegada ao governo sem a
montagem de uma equipe que sinalize para mudanças, inclusive na
política econômica.
Esta última condição que seria apresentada por Lula preocupa não só o
mercado como interlocutores do ex-presidente no empresariado, pelo
receio de demandar medidas como venda de reservas internacionais, queda
forçada dos juros e liberação de mais crédito na economia.
Uma guinada na condução política do país justificaria sua presença na
Esplanada dos Ministérios e afastaria a tese de que só pretenda escapar
da prisão, já que ministros têm prerrogativa de foro privilegiado.
Segundo relatos, o petista demonstrou incerteza diante da avaliação de
que o PMDB não garantia apoio ao governo federal com sua nomeação para a
Secretaria de Governo ou para a Casa Civil.
Nas palavras do petista, é necessário construir um consenso com o
partido aliado antes de sua entrada, se não ele pode se tornar um
"elemento de desestabilização".
"Não vou entrar no governo a qualquer custo", desabafou.
Também pesou para a incerteza o fato de que sua família não ficaria
protegida de um pedido de prisão do juiz Sergio Moro como ele e a
maioria da população poderia criticá-lo por estar querendo fugir da
Justiça.
A entrada de Lula é vista no governo federal como a salvação da presidente, mas é avaliada com preocupação pelo mercado.
Ainda nesta terça (15), Lula hesitava sobre a hipótese de ocupar a
Secretaria de Governo. Na conversa com a presidente, impôs condições,
incluindo carta branca para compor sua equipe. Essa engenharia foi
objeto de discussão numa reunião que consumiu mais de quatro horas e
invadiu a madrugada.
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