O ministro Teori Zavascki, do STF (Supremo Tribunal Federal), autorizou
inquérito para investigar se um negócio da Petrobras na Argentina gerou
propina ao presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), em mais um
caso decorrente da Operação Lava Jato.
O inquérito foi aberto formalmente em dezembro, a pedido da PGR
(Procuradoria-Geral da República), e está sob sigilo. Tem como
investigados, além de Renan, o senador Jader Barbalho (PMDB-PA) e o
deputado Aníbal Gomes (PMDB-CE), sob suspeitas de corrupção passiva e
lavagem de dinheiro.
A Folha apurou que a investigação tem como base a delação premiada do lobista Fernando Soares, o Baiano.
Em um de seus depoimentos, Baiano afirmou ter participado de uma
operação para impedir que a Petrobras vendesse sua participação na
empresa argentina Transener a um grupo norte-americano.
A participação na Transener deveria ser vendida ao grupo argentino Electroingenieria, negócio que acabou se concretizando.
Segundo o delator, o lobista Jorge Luz articulou a operação com dois ex-ministros argentinos, Julio de Vido e Roberto Dromi.
Baiano afirmou que houve pagamento de propina para concretizar o negócio
e que Jorge Luz havia dito que parte dessa comissão era destinada ao
"pessoal do PMDB".
"O pessoal do PMDB a que se refere eram Jader Barbalho, Renan Calheiros,
Aníbal Gomes e, acredita, embora não tenha certeza, também Silas
Rondeau [ex-ministro de Minas e Energia]", disse o delator.
O caso foi enviado em dezembro para a Polícia Federal em Brasília dar
início à apuração, que até o momento ainda se encontra em um estágio
inicial.
A citação ao ex-ministro Rondeau deve ficar sob investigação da
força-tarefa da Lava Jato em Curitiba, segundo pedido do
procurador-geral da República Rodrigo Janot.
"Requer o desmembramento da conduta em relação aos demais nominados [sem
foro privilegiado] e envio de cópia do termo para a 13ª Vara da Justiça
Federal em Curitiba/PR, tendo em vista a evidente conexão com os fatos
apurados no bojo da denominada Operação Lava Jato, notadamente com fatos
praticados no âmbito da Petrobras", solicitou Janot ao ministro Teori.
Além deste, Renan responde a outros cinco inquéritos no Supremo. Na
última sexta (11), a PGR pediu a abertura de um sétimo, ainda sem aval
do ministro Teori.
OUTRO LADO
A assessoria de Renan informou que o senador "reitera que é zero a
chance de ter cometido ou participado de impropriedades". Também diz que
ele "reafirma ainda que não conhece a pessoa denominada como Fernando
Baiano".
Procurado, Jader não retornou ao contato. Anteriormente, ele afirmou que
não conhece Baiano e que nunca recebeu "nenhum centavo".
A defesa de Aníbal nega o recebimento de propina e sustenta que as declarações de Baiano não têm comprovação em provas.
A Folha não localizou o ex-ministro Silas Rondeau.
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