O
vice-presidente da República e presidente do PMDB, Michel Temer, disse
ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva que o desembarque do partido
do governo é "irreversível", segundo uma fonte ligada ao vice, que
também afirmou nesta segunda-feira que a decisão pelo rompimento será
tomada por aclamação em reunião do diretório da legenda.
Segundo
essa fonte, que falou sob condição de anonimato, a conversa entre Temer
e Lula ocorreu no domingo no aeroporto de Congonhas, em São Paulo, e o
vice disse durante o encontro que o clima de animosidade do PMDB com o
governo se agravou com a nomeação pela presidente Dilma Rousseff do
peemedebista Mauro Lopes para o Ministério da Aviação Civil.
A
nomeação do ministro aconteceu depois de o PMDB decidir em convenção
que os filiados do partido não deveriam assumir novos cargos no governo.
A
fonte disse ainda que foi fechado um acordo para que o rompimento fosse
decidido por aclamação para evitar divisões dentro do PMDB e que Temer
se reuniu com o presidente do Congresso, senador Renan Calheiros
(PMDB-AL), para tratar do assunto.
Ainda
de acordo com essa fonte, há a possibilidade de peemedebistas que
comandam ministérios no governo Dilma não comparecerem ao encontro do
diretório, que ocorre na tarde de terça-feira. Esse grupo tem resistido
ao rompimento e se reuniu nesta manhã com Dilma.
IMPEACHMENT
O
desembarque formal do PMDB do governo é mais um revés para Dilma, que
enfrenta um pedido de abertura de impeachment na Câmara dos Deputados.
Também
nesta segunda, o PSD, partido que compõe a base de apoio da petista e
que comanda o Ministério das Cidades, anunciou que liberou seus
deputados para votarem como quiserem no pedido de abertura de processo
de impedimento.
As defecções
na base aliada levaram lideranças governistas na Câmara a passarem esta
tarde reunidas fazendo contas para determinar de quantos votos o governo
dispõe na Casa para barrar o impedimento, disse à Reuters uma fonte da
base aliada.
De acordo com
essa fonte, a avaliação feita é de que o rompimento formal do PMDB e a
liberação da bancada do PSD não alteram dramaticamente a situação do
governo na votação do impeachment, isso porque parlamentares dissidentes
das duas legendas já vinham votando contra o governo e manterão essa
posição.
A fonte disse ainda
que o governo espera contar com entre 20 e 30 votos de peemedebistas
favoráveis ao governo e que o maior foco do Palácio do Planalto para
conseguir os votos que precisa para barrar o impedimento deve ser junto
ao PR e ao PP, também partidos da coalizão governista.
Caso
a comissão especial que analisa o pedido de abertura de impeachment na
Câmara aprove um parecer favorável ao pedido de impedimento, esse
relatório terá de ser aprovado por pelo menos 342 deputados em votação
em plenário.
Se isso
acontecer, caberá ao Senado, por maioria simples, decidir se acata ou
não a decisão da Câmara de instaurar processo de impedimento contra
Dilma.
Se os senadores
decidirem abrir o processo, a presidente terá de se afastar do cargo até
que seja julgada pelo Senado, e Temer assumirá o governo neste período.
Na hipótese de a presidente ser cassada, o vice será efetivado na
Presidência.
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