O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), conversou com o
ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva nesta terça-feira (26) sobre a
viabilidade de realizar novas eleições presidenciais no país.
Os dois se reuniram por uma hora e meia na residência oficial da Presidência do Senado, em Brasília.
Segundo a Folha apurou, Renan disse a aliados que Lula está
"muito realista" sobre a situação da presidente Dilma Rousseff. A
comissão especial do Senado vai julgar a admissibilidade do processo de impeachment da petista no dia 11 de maio e, se aprovado, Dilma será afastada do cargo por até 180 dias.
A presidente tem feito consultas sobre a possibilidade de realizar novas eleições. O modelo, porém, ainda é bastante incerto e foi isso que Lula debateu com Renan.
O presidente do Senado defende o novo pleito mas acredita que Dilma não
conseguirá fazê-lo via PEC (Proposta de Emenda Constitucional), pois o
Congresso não aprovaria a medida.
A saída proposta por Renan seria um plebiscito, que pode ser feito nas
eleições de outubro deste ano, regulamentado em 60 dias e, assim, as
novas eleições presidenciais ficariam para o ano que vem.
Lula está bem posicionado nas últimas pesquisas de intenção de voto para
a Presidência da República e, segundo aliados, ficou animado com o
cenário.
Dilma também pediu uma reunião com Renan para esta terça, após o encontro do peemedebista com Lula.
Publicamente, Renan nega que tenha tratado com Lula sobre novas eleições.
DESDOBRAMENTOS POLÍTICOS
O ex-presidente Lula afirmou a Renan estar preocupado com o desdobramento do processo político em curso no país.
O peemedebista limitou a dizer que Lula falou de sua experiência como
presidente do país e defendeu valores democráticos. "Ele disse que
acredita muito no Brasil, que o Brasil é maior do que as suas crises, e
que ele quer colaborar com saídas".
Em resposta, Renan afirmou que reforçou o papel histórico do Senado e o
seu esforço pessoal para ampliar a previsibilidade política e
constitucional para que a Casa julgue a presidente Dilma Rousseff. "Ao
fim e ao cabo [disse] que seria uma decisão política, claro, mas que
seria uma decisão de mérito com relação a saber se a presidente cometeu
ou não crime de responsabilidade", afirmou.
A conversa com o petista foi a primeira de uma série de reuniões que
Renan fará nesta terça e quarta. No fim da tarde, o peemedebista se
encontrará com a presidente Dilma Rousseff no Palácio do Planalto.
Amanhã, ele irá ao Palácio do Jaburu, residência oficial da
vice-presidência da República, para uma conversa com o vice-presidente
Michel Temer. Segundo Renan, pela tarde ele receberá o senador Aécio
Neves (MG), presidente nacional do PSDB, em seu gabinete.
"Eu vou continuar conversando com todos. Conversar não arranca pedaço.
[...] Acho que o papel do presidente do Senado é exatamente esse. É
conversar com todo mundo para, em todos os momentos, demonstrar isenção e
responsabilidade com o país. Conversar e trabalhar para construir
convergências com todos os atores dessa crise política", disse.
Temer tem realizado uma série de reuniões
com economistas e políticos que podem integrar o seu eventual governo,
caso o Senado aprove o afastamento da presidente Dilma Rousseff.
Questionado sobre se considera que o vice está se apressando na
definição do seu governo, Renan afirmou apenas que "não acha nada". "Eu
sinceramente não acho nada e, cada vez mais para manter a isenção, eu
devo achar menos para chegar ao final desse processo administrando essa
convergência", disse.
MOVIMENTOS
Renan também recebeu durante a tarde representantes dos movimentos Povo
Sem Medo e da Frente Brasil Popular, contrários ao impeachment de Dilma
Rousseff e afirmou que não se deve "partidarizar" debate.
O peemedebista ouviu pedidos para que trate com isenção e assegure à
petista o direito de defesa ao longo da tramitação do processo na Casa.
Enquanto Renan ainda recebia os integrantes dos movimentos sociais,
Raimundo Lira (PMDB-PB) e Antonio Anastasia (PSDB-MG), respectivamente,
eram confirmados na presidência e relatoria da comissão especial do
impeachment.
Segundo o líder do MST (Movimento Sem Terra) João Pedro Stédile, o grupo
entregou um "manifesto com milhares de assinaturas para dizer que somos
contra o golpe".
"Estamos convencidos que o Senado, ao contrário da Câmara, que foi um
tribunal de exceção comandado por um réu que pode ser preso a qualquer
momento, vai recuperar a legalidade do processo".
Como tem afirmado publicamente, Renan repetiu ao grupo que vai garantir o
rito democrático do processo, sempre agindo com isenção.
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