A ministra do STF (Supremo Tribunal Federal) Cármen Lúcia abriu
inquérito para investigar a eventual participação do presidente do
Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), e do senador Romero Jucá (PMDB-RR) no
suposto esquema de compra de medidas provisórias que está na mira da
Operação Zelotes.
O ex-servidor da Receita Federal João Gruginski contou à Polícia Federal, em dezembro,
que participou de reunião na qual o lobista Alexandre Paes dos Santos, o
APS, teria falado "abertamente" sobre o pagamento de propina a
parlamentares, entre eles os dois parlamentares.
De acordo com Gruginski, APS disse-lhe que Jucá, Renan e o ex-senador
Gim Argello, preso pela PF durante a Operação Lava Jato, pediram R$ 45
milhões de suborno para trabalharem pela aprovação de emenda de
interesse do setor automotivo.
As informações prestadas pelo ex-funcionário da Receita deram origem ao
pedido de instauração de inquérito no Supremo relativo aos
peemedebistas. Por serem senadores, ambos têm foro privilegiado. A
relatoria ficou a cargo da ministra Cármen Lúcia. A abertura da
investigação no STF foi veiculada pelo "Globo" neste sábado (30).
Um manuscrito apreendido na casa de APS,
que está preso em consequência dos fatos investigados na Zelotes,
também reforça as suspeitas contra o trio. Na folha de papel, lê-se o
número "45" e, ao lado, as seguintes anotações: "15 - GA"; "15 - RC"; e
"15 - RJ". As referências aos nomes dos parlamentares foram reveladas
pela Folha.
A Zelotes, cuja primeira fase foi deflagrada em março do ano passado,
aponta para um dos maiores esquemas de sonegação fiscal já descobertos
no país. Suspeita-se que quadrilhas atuavam junto ao Carf (Conselho
Administrativo de Recursos Fiscais), órgão ligado ao Ministério da
Fazenda, revertendo ou anulando multas.
Além dessas ilegalidades, a operação tem como foco suposto pagamento de
propina para a compra de medidas provisórias que interessavam à
indústria automotiva. Um a ação penal relacionada a esses casos está
correndo na 10ª Vara Federal em Brasília.
OUTRO LADO
O senador Romero Jucá nega, por da assessoria de imprensa, que ele tenha
recebido recursos pela apresentação de emendas a MPs. Jucá ressalta que
a acusação, feita por causa de uma anotação de diário, já foi
desqualificada pelo próprio APS.
O senador, assim como Renan Calheiros, que também respondeu por
intermédio da assessoria de comunicação, lembraram que o lobista já
afirmou que a anotação se referia a "boatos" que ele teria ouvido no
mercado.
Renan acrescenta que sequer conhece o ex-servidor da Receita João Gruginski.
Quando procurado, antes de ser preso, em março, Gim Argello afirmou que a
menção a seu nome é uma "ilação absurda" e que a "repudia
veementemente". Em depoimento à PF, disse que propôs medidas que
beneficiaram montadoras de Goiás visando benefícios indiretos a
Brasília.
0 comentar:
Postar um comentário
obrigado e comente sempre