BRASÍLIA — O Conselho de Ética aprovou, nesta terça-feira, por 11 a
9, o parecer que pede a cassação do presidente da Câmara afastado,
Eduardo Cunha (PMDB-RJ). Considerada o voto decisivo, Tia Eron votou a
favor do relatório e foi aplaudida pelo presentes na sessão. Aliado de
Cunha, o deputado Wladimir Costa (SD-PA) mudou de opinião e surpreendeu
ao votar contra o presidente afastado. Agora, o processo vai para o
plenário da Câmara, onde será votado pelos parlamentares. Cunha afirmou que vai recorrer à Comissão de Constituição e Justiça (CCJ).
O voto de cada um
Relatório pela cassação foi aprovado por 11 votos a 9 no conselho de ética
Votaram a favor do relatório os deputados Paulo Azi (DEM-BA), Tia Eron (PRB-BA), Wladimir Costa (SD-PA), Léo de Brito (PT-AC), Valmir Prascidelli (PT-SP), Zé Geraldo (PT-PA), Betinho Gomes (PSDB-PE), Júlio Delgado (PSB-MG), Nelson Marcehzan Júnior (PSDB-RS), Sandro Alex (PSD-PR), Marcos Rogério (DEM-RO).
Votaram contra os deputados Alberto Filho (PMDB-MA), André Fufuca
(PP-MA), Mauro Lopes (PMDB-MG), Nelson Meurer (PP-PR), Sérgio
Moraes(PTB-RS), Washington Reis (PMDB-RJ), João Bacelar (PR-BA), Laerte
Bessa (PR-DF), Wellington Roberto (PR-PB).
O deputado Carlos Marun, um dos mais fiéis aliados de Cunha, admitiu
que está "perdido" após a derrota no Conselho de Ética. Ele afirmou não
ter conversado ainda com o presidente afastado, mas irá à residência
oficial do presidente da Câmara na noite desta terça-feira.
— Não sei o que fazer agora, confesso que estou perdido — disse, com semblante abatido.
TIA ERON É APLAUDIDA APÓS VOTO
O voto sim da deputada Tia Eron (PRB-BA)
garantiu a aprovação do relatório do deputado Marcos Rogério (DEM-RO)
pela cassação do mandato do presidente afastado da Câmara, Eduardo Cunha
(PMDB-RJ). Depois de fazer um discurso duro contra o PT e defender
Cunha por ter aceito pedido de impeachment contra Dilma Rousseff, o
deputado Wladimir Costa (SD-PA) também votou pela cassação e o relatório
foi aprovado.
Tia Eron começou sua fala dizendo que não era uma estrela. Criticou a
mídia e, finalizou anunciando o voto sim ao relatório que pede a
cassação de Cunha.
— Precisamos ressignificar este conselho. Na minha consciência reside
a verdade, Meu partido, que foi colocado no imaginário balcão onde a
chantagem seria troca de votos, lá não se faz isso não, nossa política é
diferente. Votei pelo impeachment, fui hostilizada pelas mulheres. Eu
não posso absolver o representado: voto sim — disse Tia Eron.
Houve aplausos de manifestantes que estavam no local. Ao final,
quando o presidente do conselho, José Carlos Araújo (PR-BA), anunciou o
resultado, manifestantes gritaram "Fora Cunha". Deputados levantaram
cartazes onde de lia "Antes tarde do que nunca".
Aliados de Cunha do PR mantiveram o voto pela salvação dele e criticaram Costa.
— Ele não mentiu. Não vou me acovardar igual ao Wlad (Wladimir
Costa). Voto não ao relatório —afirmou o deputado Laerte Bessa (PR-DF)
Os peemedebistas também mantiveram o apoio a Cunha.
— Não devo favores a Cunha, não tenho cargos, nada. Não confundam
conta jurídica com conta física. O relator não provou que existe conta
física — disse Mauro Lopes.
BATE-BOCA ANTES DA VOTAÇÃO
Um
bate-boca entre os deputado s Wladmir Costa (SD-PA) e os deputados José
Geraldo (PT-PA) e Walmir Prascindeli (PT-SP) por pouco não levou a
suspensão da sessão. Aliado de Cunha, Wladmir disse que ele prestou um
grande serviço a nação ao tirar o PT do poder. E minimizou os gastos
milionários da esposa de Cunha, Cláudia Cruz, investigados na Operação
Lava-Jato.
— Ninguém quer saber da esposa do deputado, se virou ré. Só queremos
saber se ele mentiu, e as provas são cabais de ele não mentiu. Que o
processo prossiga no STF — disse Wladimir Costa (SD-PA)
Costa, então, começou a exaltar Cunha, por ter encaminhado o
impeachment e atendido o clamor das ruas. Ele chamou os petistas de
batedores de carteira, levando os deputados do PT, aos berros, exigir
que o presidente do Conselho, José Carlos Araújo, obrigasse o deputado
paraense a retirar suas palavras.
— De um milhão de petistas, 999,9999 mil são bandidos, ladrões e
batedores de carteira — discursou Wladimir Costa, defendendo a rejeição
do pedido de cassação de Cunha.
— Ladrão é você, ladrão de rádio! — gritou Prascindelli.
— É isso mesmo, um partido de gente vagabunda! — continuou Wladmir Costa.
— Vagabundo é você — reagiu José Geraldo, aos gritos, de pé, brandindo os braços.
Com a gritaria no plenário, o presidente do Conselho ameaçou
suspender a sessão se não parassem de brigar. Em meio à confusão e à
troca de acusações e xingamentos, o deputado João Carlos Bacelar (PR-BA)
ria.
— Senhores! Nós estamos em um Conselho de Ética! Vocês deveriam dar o
exemplo. Ou param, ou vou suspender a sessão. Não estamos numa sala de
aula! — protestou José Carlos Araújo.
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