13/06/2016 18h48
- Atualizado em
13/06/2016 21h01
Segundo revista, senador é suspeito de receber doação ilegal da Odebrecht.
Romário nega doações ilegais; Maia diz que doações foram declaradas.
Romário,
Rodrigo Maia e Jutahy Júnior são suspeito de terem recebido caixa 2
para campanhas eleitorais (Foto: Saulo Cruz, Antonio Augusto e Lucio
Bernardo Jr./Agência Câmara)
A informação, divulgada em reportagem do último final de semana da revista "Época", foi confirmada pela TV Globo. De acordo com a publicação, o ponto de partida para o Ministério Público solicitar a investigação dos três políticos foi a troca de mensagens entre o presidente licenciado do Grupo Odebrecht, Marcelo Odebrecht, e o ex-presidente da construtora OAS Léo Pinheiro.
Com base nas mensagens telefônicas, o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, quer autorização do Supremo para investigar Romário, Maia e Jutahy por corrupção passiva e lavagem de dinheiro.
A revista afirma que o nome de Romário apareceu na troca de mensagens entre Marcelo Odebrecht e seu subordinado Benedicto Barbosa da Silva Júnior, descobertas no ano passado, quando o empreiteiro foi preso pela Operação Lava Jato. Benedicto também chegou a ser preso. A Polícia Federal encontrou com o funcionário da Odebrecht planilhas com o controle de valores distribuídos a mais de 200 políticos.
Segundo a revista, o ex-jogador da Seleção teria recebido doação ilegal da construtora Odebrecht para sua campanha ao Senado em 2014.
Ainda de acordo com a reportagem, a construtora teria doado R$ 100 mil ao parlamentar não declarados à Justiça.
Rodrigo Maia
A reportagem de "Época" diz que o nome de Rodrigo Maia também aparece em mensagens encontradas no celular de Léo Pinheiro.
"A doação de 250 vai entrar?", diz Maia ao empreiteiro.
Dois dias depois, mostram as mensagens, o deputado do DEM insiste com o então presidente da OAS: "Se tiver ainda algum limite pra doação, não esquece da campanha aqui", escreveu o parlamentar fluminense a Léo Pinheiro.
Oficialmente, também não aparece doação da OAS para Rodrigo Maia na Justiça Eleitoral.
Jutahy Júnior
Segundo a revista, a Procuradoria Geral da República suspeita de mais um caso de caixa 2 na campanha de 2014. O Ministério Público, destaca a reportagem, descobriu que Jutahy Júnior marcou uma reunião com Léo Pinheiro em um dia e, no outro, recebeu doação de R$ 30 mil.
A revista informou que depois, em uma mensagem ao executivo da OAS, o deputado tucano questiona quando receberia a segunda parte. "Caso seja possível, gostaria de sua ajuda pra que Varjão (OAS) completasse o combinado. Desde já, agradeço a grande ajuda que vocês deram a minha campanha", escreveu Jutahy em mensagem telefônica.
Como não houve uma segunda doação oficial, o Ministério Público apura se houve pagamento a algum fornecedor do deputado do PSDB.
O que disseram os suspeitos
O senador do PSB disse, por meio de uma nota, que não recebeu doação da Odebrecht "durante, após campanha ou em qualquer outro momento" (leia a íntegra da nota divulgada pela assessoria do senador ao final desta reportagem).
Por meio de sua assessoria, Rodrigo Maia afirmou à TV Globo que as doações da construtora OAS foram feitas ao diretório nacional do DEM e transferidas para a campanha do então candidato ao Senado Cesar Maia. Conforme o parlamentar do DEM, todas as doações estão registradas e foram aprovadas pela Justiça Eleitoral.
A TV Globo contatou a assessoria de Jutahy Júnior, mas até a última atualização desta reportagem não havia obtido resposta.
Lava Jato
Inicialmente, o pedido de inquérito sobre Romário, Jutahy e Rodrigo Maia foi encaminhado para o ministro Teori Zavascki, relator dos processos da Lava Jato no STF.
No entanto, como Teori avaliou que o caso não tem relação com os desvios de recursos da Petrobras, o pedido do Ministério Público foi redistribuído, por sorteio, para o gabinete ministro Luiz Fux. Caberá a ele verificar se há indícios mínimos que permitam abrir uma investigação e autorizar o início de diligências.
Na prestação de contas enviada à Justiça Eleitoral por Romário, não consta nenhuma doação da Odebrecht. Em nota, o senador diz que todas as doações recebidas em 2014 foram legais e registradas na prestação de contas da campanha e nenhuma delas foi da empreiteira.
"Nunca conversei com Marcelo Odebrecht ou com qualquer pessoa que tenha se identificado como seu emissário. Enquanto candidato, não autorizei qualquer pessoa a falar em meu nome", escreveu o senador na nota, acrescentando que pediria esclarecimentos à PGR e à própria construtora.
"Ademais, aguardarei o rápido tramite da Justiça para que os fatos sejam esclarecidos. Já disse uma vez e volto a registrar, não vão me meter no meio dessa lama", finalizou.
Leia abaixo a íntegra da nota divulgada por Romário:
Recebi com surpresa e indignação a informação de que a Procuradoria Geral da República (PGR) teria pedido uma investigação ao Supremo Tribunal Federal (STF) sobre uma suposta doação que eu teria recebido após a campanha de 2014 da empresa Odebrecht.
De acordo com a revista, há uma “SUSPEITA” de que a empreiteira “SUPOSTAMENTE” me doou a quantia de R$ 100 mil depois das eleições. O STF ainda irá decidir se inicia uma investigação, motivada pela descoberta de uma troca de mensagens entre Marcelo Odebrecht e uma pessoa identificada como Benedicto Barbosa da Silva Júnior. Que fique claro: não há nenhuma comprovação de que eu tenha recebido qualquer quantia da referida empresa.
Respondi a revista e reforço aqui:
Não recebi qualquer doação da Odebrecht,
Todas as doações recebidas em 2014 foram legais e registradas na prestação de contas da campanha, nenhuma delas foi da empreiteira.
Nunca conversei com Marcelo Odebrecht ou com qualquer pessoa que tenha se identificado como seu emissário.
Enquanto candidato, não autorizei qualquer pessoa a falar em meu nome.
Amanhã mesmo acionarei a PGR e a Odebrecht para obter esclarecimentos.
Ademais, aguardarei o rápido tramite da Justiça para que os fatos sejam esclarecidos.
Já disse uma vez e volto a registrar, não vão me meter no meio dessa lama.
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