02/06/2016 20h30
- Atualizado em
02/06/2016 21h40
Ministro havia suspendido a coleta de provas e reenviou caso à PGR.
Aécio disse que é papel do MP investigar, e que provará sua inocência.
O ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal
(STF), determinou nesta quinta-feira (2) o prosseguimento da
investigação contra o senador Aécio Neves, presidente do PSDB, e a
coleta de provas no inquérito sobre o suposto envolvimento em corrupção
em Furnas.
Em nota, Aécio disse que é papel do Ministério Público investigar citações e acusações e que ao final, provará sua inocência (veja a íntegra da nota ao final desta reportagem).
Há três semanas, Gilmar Mendes, que é o relator do caso no STF, suspendeu a investigação
e pediu que o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, reavaliasse
se queria manter os pedidos diante de uma documentação apresentada por
Aécio Neves.
Para o ministro, a petição do parlamentar poderia demonstrar que a
retomada das investigações ocorreu sem que houvesse novas provas, o que
contraria o entendimento do Supremo.
O procurador-geral, no entanto, manteve o pedido original que fez ao STF e pediu o prosseguimento da investigação,
baseado na delação premiada do senador cassado Delcídio do Amaral.
Janot também pediu o desarquivamento da citação feita pelo doleiro
Alberto Youssef sobre o parlamentar.
Segundo o pedido de investigação de Janot, Youssef disse que Aécio
"dividia" uma diretoria de Furnas com o PP, e que ouviu isso do
ex-deputado José Janene, já falecido. De acordo com o pedido, o doleiro
afirmou ainda que ouviu que o senador do PSDB recebia valores mensais,
por meio de sua irmã, por uma das empresas contratadas por Furnas.
Delcídio confirmou as informações em dua delação premiada.
Investigação
Ao opinar pelo prosseguimento da investigação, o procurador destacou que a decisão de investigar é do procurador e o Judiciário não pode usurpar uma competência do Ministério Público. Segundo o procurador, a suspensão das diligências por parte de Gilmar Mendes pode ser considerada uma "incontornável violação ao princípio acusatório".
Na decisão que autorizou o prosseguimento do inquérito, Gilmar Mendes disse que a investigação não é "uma propriedade do Ministério Público e da polícia, imune à interferência judicial". E disse que o juiz tem o dever de arquivar inquéritos que sejam incabíveis.
O ministro destacou que a interferência, ao suspender as diligências, "teve escopo bastante limitado".
"O despacho não decidiu sobre o prosseguimento das investigações.
Limitou-se a dar a oportunidade ao Ministério Público de se manifestar
sobre questões que se afiguraram relevantes – versão do investigado e
cabimento do desarquivamento das investigações. Para tanto, suspendeu o
cumprimento de diligências já deferidas. [...] Relembro que as
diligências deferidas não se destinavam à colheita de provas urgentes.
Pelo contrário. Os fatos investigados teriam ocorrido há mais de dez
anos", disse o ministro.
Para Gilmar Mendes, a suspensão "não teve o impacto a ele atribuído pelo procurador-geral da República".
O ministro afirma, porém, que há razões para a investigação porque o
desarquivamento das citações de Youssef ocorreu em razão da delação
premiada de Delcídio do Amaral. "Foram trazidos elementos de
corroboração oriundos de outras investigações que podem reforçar a
suspeita em apuração. Logo, cabível a retomada das investigações",
afirmou.
Nota
Veja a nota enviada pelo senador Aécio Neves:
Veja a nota enviada pelo senador Aécio Neves:
Acabo de ser
informado de que foi autorizada a abertura de uma investigação para
apurar as citações feitas a meu nome pelo ex-senador Delcídio do Amaral.
É
claro que ninguém gosta de ser injustamente acusado, como é o caso, mas
eu tenho serenidade para compreender que esse é o papel do Ministério
Público, investigar as citações e acusações que ali chegam, e o da
Justiça, de dar prosseguimento a essas investigações.
Tenho
a absoluta convicção de que, ao final, ficará provado mais uma vez a
minha inocência, como já aconteceu no passado, o que levou, inclusive,
ao arquivamento dessas mesmas acusações.
Eu estou
convencido, de que depois de tudo isso, não apenas desse caso em
especial, mas do que vem acontecendo com o Brasil, nós teremos um país
diferente, onde os culpados sejam punidos e punidos exemplarmente, e
aqueles que são inocentes terão a sua inocência reconhecida, para que
possam continuar o seu trabalho em favor do Brasil.
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