20/06/2016 às 08h28 • atualizado em 20/06/2016 às 08h30
presidente interino, Michel
Temer, e a presidente afastada, Dilma Rousseff, passaram a focar um
grupo de 15 senadores para tentar assegurar os votos necessários ao
desfecho favorável a um lado ou a outro na votação final do processo de
impeachment, prevista para agosto. O núcleo de Dilma, segundo petistas
com acesso às discussões no Alvorada, passou a abordar esses
parlamentares na expectativa de que ao menos cinco votos sejam
revertidos. Numa contraofensiva de Temer, vários desses parlamentares já
estiveram com ele no Planalto.
Integrantes do grupo cujos votos
são disputados pelos dois lados disseram “sim” à admissibilidade do
impeachment ou se ausentaram da sessão que resultou no afastamento de
Dilma. A petista teve só 22 votos a seu favor e, no julgamento decisivo,
precisará de ao menos 28 votos ou ausências. O afastamento temporário
de Dilma contou com 55 votos, um a mais do que os 54 necessários para
retirá-la definitivamente do cargo.
Sem caneta para sinalizar com
cargos e vantagens, os petistas oferecem a realização de plebiscito por
novas eleições como alternativa à crise. Já o governo interino vem
anotando dezenas de pedidos de cargos. O senador Hélio José (PMDB-DF),
conhecido em Brasília como Hélio Gambiarra, pediu a Temer 34 cargos,
entre eles as presidências do BB DTVM, dos Correios, do FNDE e de
Itaipu. O senador também quer ser o líder do governo no Congresso e
relatar as medidas provisórias sobre infraestrutura. No Planalto, os
pleitos de Gambiarra causaram irritação. Ele não foi localizado pelo
GLOBO.
— Se Hélio ficar contra o impeachment, ele morre no dia seguinte no PMDB — disse um dirigente partidário.
PETISTA DESISTE DE ROMÁRIO
Estiveram
com Temer nas últimas semanas os senadores Romário (PSB-RJ), Cristovam
Buarque (PPS-DF), Eduardo Amorim (PSDC-SE), Benedito de Lira (PP-AL),
Acir Gurgacz (PDT-RO) e Jader Barbalho (PMDB-PA). Cristovam também já
esteve com Dilma e passou a ser fortemente cobrado por movimentos de
esquerda por ter votado a favor do afastamento da petista.
O grupo
dos 15 tem ainda Fernando Collor (PTC-AL), Omar Aziz (PSD-AM), Pedro
Chaves (PSC-MS), Roberto Rocha (PSB-MA), Vicentinho Alves (PR-TO),
Wellington Fagundes (PR-MT), Wilder Moraes (PP-GO) e Marcelo Crivella
(PRB-RJ) — que se licenciará para disputar a prefeitura do Rio, mas
controla o voto do suplente, Eduardo Lopes (PRB).
Com o avanço do
processo, algumas posições ficaram mais claras. Os petistas já
desistiram de Romário, que deve votar pelo impeachment. Eduardo Amorim,
Vicentinho e Wilder Moraes passaram a declarar voto pró-deposição.
Amorim afirmou que não vê motivos para rever sua posição:
— Uma pessoa falou comigo (do grupo de Dilma), mas nada capaz de mudar o meu voto.
Senadores
confirmam abordagens dos dois lados. Pelo PMDB, quem comanda as
negociações são o senador Romero Jucá (PMDB-RR) e Geddel Vieira Lima
(Secretaria de Governo). Dilma tem quatro senadores: Roberto Requião
(PMDB-PR), Kátia Abreu (PMDB-TO), Jorge Viana (PT-AC) e Paulo Rocha
(PT-PA).
— Os dois lados têm me procurado. Ainda estou analisando e não quero me precipitar — diz Pedro Chaves (PSC-MS).
OGlobo
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