15/06/2016 16h56
- Atualizado em
15/06/2016 19h34
O ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado contou a investigadores da
Operação Lava Jato que o senador Aécio Neves (PSDB-MG) recebeu R$ 1
milhão em recursos ilícitos e em dinheiro para a campanha eleitoral que o
elegeu deputado federal em 1998. Em nota, o senador disse tratarem-se
de "acusações falsas e covardes" (leia mais abaixo).
O acordo de delação premiada, que pode reduzir eventuais penas de
Machado, em caso de condenação, foi homologado pelo ministro Teori
Zavascki, relator da Lava Jato no Supremo Tribunal Federal (STF). A
íntegra da delação premiada de Machado, de 400 páginas, foi tornada
pública no ínicio da tarde desta quarta-feira (15) (veja outros trechos da delação).
Segundo o executivo, o tucano foi o candidato que recebeu a maior
parcela de cerca de R$ 7 milhões de reais arrecadados de forma ilegal à
época para eleger o maior número possível de deputados federais do PSDB.
Machado disse que o montante bancaria a campanha de 50 candidatos à Câmara. Cada um teria recebido de R$ 100 mil a R$ 300 mil para se eleger.
O objetivo era viabilizar a candidatura de Aécio à presidência da
Câmara em 2000, cargo para o qual foi eleito e permaneceu até 2002, no
fim do segundo mandato do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso.
Dos R$ 7 milhões captados em 1998, R$ 4 milhões teriam origem em empresas que doaram para a campanha presidencial de FHC. Parte do dinheiro, não especificada, teria vindo do exterior.
Dos R$ 7 milhões captados em 1998, R$ 4 milhões teriam origem em empresas que doaram para a campanha presidencial de FHC. Parte do dinheiro, não especificada, teria vindo do exterior.
Na época, Machado era senador pelo PSDB
e disse ter atuado junto Aécio e o ex-governador de Alagoas Teotônio
Vilela Filho, na época senador e presidente nacional do PSDB. Para obter
doações, eles teriam procurado o então ministro das Comunicações Luiz
Carlos Mendonça de Barros.
Machado contou que na campanha de 1998, uma das empresas que fizeram
doações ilegais para o PSDB foi a construtora Camargo Corrêa. Ele narrou
encontro com o então presidente da empresa, Luiz Nascimento, em que
recebeu um pacote com R$ 350 mil em dinheiro.
"A Camargo ajudava fortemente e sempre foi um grande doador nas campanhas tucanas", disse Machado aos investigadores.
Ainda segundo Machado, Aécio também incorria na prática de receber propinas, tanto na forma de doações oficiais quanto por dinheiro em espécie. "Com frequência, Aécio recebia esses valores através de um amigo de Brasília que o ajudava nessa logística; que esse amigo era jovem, moreno e andava sempre com roupas casuais e uma mochila", contou.
Ainda segundo Machado, Aécio também incorria na prática de receber propinas, tanto na forma de doações oficiais quanto por dinheiro em espécie. "Com frequência, Aécio recebia esses valores através de um amigo de Brasília que o ajudava nessa logística; que esse amigo era jovem, moreno e andava sempre com roupas casuais e uma mochila", contou.
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O que diz Aécio
Em nota distribuída à imprensa, Aécio Neves disse que as acusações de Machado são "falsas e covardes". "No afã de apagar seus crimes e conquistar os benefícios de uma delação premiada, [Machado] não hesita em mentir e caluniar", afirmou o tucano.
Ele alega que, em 1998, "sequer se cogitava" sua candidatura à presidência da Câmara.
"Essa eleição foi amplamente acompanhada pela imprensa e se deu
exclusivamente a partir de um entendimento político no qual o PSDB
apoiaria o candidato do PMDB à presidência do Senado e o PMDB apoiaria o
candidato do PSDB à presidência da Câmara", afirmou.
Na nota, Aécio diz que a afirmação de Machado sobre o caso "não possui
sequer sustentação nos fatos políticos ocorridos à época".
Furnas
No depoimento, Sérgio Machado também disse ter ouvido do ex-ministro das Comunicações Sérgio Motta, morto em 1998, que Aécio era padrinho do ex-diretor de Furnas Dimas Toledo. "Todos do PSDB sabiam que Furnas prestava grande apoio ao deputado Aécio", afirmou.
Segundo Machado, Toledo também teria contribuído com recursos para a
eleger a bancada do PSDB em 1998 e que parte do dinheiro para a eleição
de Aécio à presidência da Câmara em 2000 veio de Fumas, subsidiária da
Eletrobras na produção de energia elétrica.
Em delação premiada, o senador cassado Delcídio do Amaral também disse
ter ouvido dizer que Aécio receberia propinas por intermédio de Dilmas
Toledo, a partir de dinheiro desviado em contratos com empresas
terceirizadas.
A suspeita levou à abertura de inquérito sobre o senador, sob relatoria do ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF). Sobre esse caso, a defesa de Aécio nega o recebimento de propinas. Alega que os delatores apenas teriam ouvido falar do envolvimento do nome do senador em corrupção em Furnas, "sem conhecimento pessoal de fatos".
A suspeita levou à abertura de inquérito sobre o senador, sob relatoria do ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF). Sobre esse caso, a defesa de Aécio nega o recebimento de propinas. Alega que os delatores apenas teriam ouvido falar do envolvimento do nome do senador em corrupção em Furnas, "sem conhecimento pessoal de fatos".
O senador também já entregou ao STF decisão do Tribunal de Contas da União (TCU) que não constatou indícios de desvio em Furnas.
* Colaborou Rosanne D'Agostino, do G1 SP
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