A falta de respaldo do presidente interino, Michel Temer, à candidatura de Rogério Rosso (PSD-DF) na reta final da disputa pelo comando da Câmara
causou fúria no ex-presidente da Casa Eduardo Cunha (PMDB-RJ) e no
"centrão", bloco que agrega partidos pequenos e médios e do qual Rosso
faz parte.
Segundo a Folha apurou, Cunha disse a aliados, em conversas nos
últimos três dias, que se sentiu "traído" e "abandonado" por Temer,
enquanto deputados do "centrão" afirmaram à reportagem que pode haver
retaliação ao governo em votações.
Para eles, a conta é simples: os 170 parlamentares que votaram em Rosso
mais os 78 de partidos de esquerda, por exemplo, podem derrubar o
projeto do limite de gastos públicos, uma das prioridades da gestão
Temer.
Ciente de que a atuação do governo na eleição para suceder Cunha pode
ter reflexos na agenda legislativa, o presidente interino resolveu agir e
telefonou, na sexta (15), a líderes do "centrão" para dizer que não pretende "desidratar" o bloco, como disse em entrevista ao jornal "O Estado de S. Paulo", mas sim "unir a base aliada".
Pessoas próximas a Cunha, porém, relataram à Folha que a
explicação não convenceu e que o deputado ficou incomodado com o empenho
do governo, mesmo que discreto, para eleger Rodrigo Maia (DEM-RJ) no
segundo turno da eleição na Câmara.
Em junho, Cunha saiu de uma reunião com Temer com a expectativa de que,
caso renunciasse ao comando da Câmara, o Palácio do Planalto o ajudaria a
eleger um de seus aliados: Rogério Rosso. Com ele, esperava percorrer
um caminho mais favorável na análise do processo de cassação de seu
mandato, que precisa ser votado em plenário.
Após Maia vencer por 285 votos contra 170 de Rosso, Cunha reuniu aliados
e mostrou insatisfação com Temer, que arbitrou para ter os dois nomes
no segundo turno, mas mudou o humor em favor do candidato do DEM quando
sua vitória parecia mais viável. Deputados do "centrão" acreditam, por
exemplo, que o apoio do PR a Maia foi estimulado pelo Planalto.
Procurado pela Folha, Cunha afirmou que não participou "de nenhuma articulação nem discussão sobre a eleição" na Câmara.
0 comentar:
Postar um comentário
obrigado e comente sempre