A deterioração do mercado de trabalho no Brasil vai muito além da manutenção da taxa de desemprego no patamar elevado de 11,8% desemprego entre julho e setembro deste ano.
Existem dois outros movimentos que são tão preocupantes quanto o número
alto de pessoas que gostariam de trabalhar, mas não conseguem uma
ocupação.
Um deles é o número crescente de brasileiros que estão aceitando
empregos mais precários. Os trabalhadores sem carteira assinada somaram
10,3 milhões entre julho e setembro, contra 10,2 milhões no trimestre
encerrado em agosto. Trata-se da sétima alta consecutiva nessa base de
comparação.
Outra tendência é o maior número de pessoas que tem desistido de
procurar uma ocupação. Isso é medido pela chamada taxa de participação,
uma relação entre o número de pessoas ocupadas ou buscando emprego e a
quantidade de brasileiros em idade para trabalhar.
Essa taxa vinha caindo em anos recentes principalmente por conta do
maior número de jovens que, com a melhora da renda de suas famílias,
vinham se dedicando apenas aos estudos.
A forte recessão –com suas consequências negativas sobre os salários e o nível de emprego levou a uma reversão desse movimento a partir do início do ano passado.
Mais recentemente, no entanto, voltou o movimento de queda na taxa de
participação. Depois de atingir 61,6% no trimestre encerrado em junho,
ela recuou três vezes seguidas, atingindo 61,2% no trimestre terminado
em setembro.
O problema é que dificilmente as pessoas estejam desistindo novamente de
procurar trabalho por "boas razões". A provável causa da nova mudança
de direção é o desalento, a falta de esperança de que a busca será bem
sucedida.
Esses dois movimentos são sinais evidentes de um ambiente laboral mais
precário que pode perdurar por mais tempo do era esperado já que
economistas têm postergado suas projeções de volta do crescimento.
Quanto mais duradouro for esse cenário, piores as consequências de longo prazo para essas pessoas e para a economia brasileira.
Trabalhadores em ocupações precárias e informais deixam de contribuir
para a Previdência e de acumular habilidades que poderiam melhorar suas
perspectivas de renda futura. Jovens desestimulados dentro de casa
representam uma perda enorme de capital humano para o país.
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