29/10/2016
A equipe responsável pela proposta de reforma da Previdência em estudos
no governo, subordinada ao presidente Michel Temer, estuda mudar a
Constituição para abrir caminho para a cobrança de contribuição
previdenciária de todos os aposentados.
A ideia é que o governo federal, os Estados e os municípios tenham
autonomia para estabelecer a cobrança. Isso pode impactar tanto
segurados do INSS (Instituto Nacional do Seguro Social) quanto
servidores públicos.
Atualmente, a Constituição prevê que a contribuição deve ser paga apenas
por inativos que recebem acima do teto do INSS (R$ 5.189,82). Ou seja,
na prática só funcionários públicos são cobrados.
A cobrança, hoje, incide somente sobre o valor que excede o teto do INSS, e a alíquota deve ser igual à da ativa.
Servidores da União e da maioria dos Estados pagam contribuição de 11%
na ativa. Em alguns casos, ela pode chegar a 14%. No INSS, há três
alíquotas, a depender do salário do trabalhador, de 8%, 9% e 11%. Os
militares, que têm regras próprias, pagam 7,5% na ativa e na reserva.
De acordo com a proposta da equipe de Temer, a Constituição passaria a
prever que União, Estados e municípios terão competência de, por meio de
leis, instituir essa tributação. Cada ente poderia estabelecer qual
será a alíquota e taxar até quem recebe o piso previdenciário.
Para cobrar dos aposentados do INSS, que hoje não pagam a contribuição,
caberia ao governo federal enviar ao Congresso um projeto de lei.
O trabalhador do setor privado que recebe um salário mínimo, por
exemplo, paga R$ 70,40 de INSS (alíquota de 8%) e fica com R$ 809,60
líquidos. Ao se aposentar, deixa de pagar essa taxa e fica integralmente
com os R$ 880.
Segundo um funcionário do governo que participa das discussões, a
avaliação é que, como hoje o valor líquido na aposentadoria é maior que o
salário da ativa, as pessoas são estimuladas a aposentar.
Segundo essa fonte, a situação atual vai contra um dos princípios da
reforma: o de que a pessoa, ao aposentar, não deve receber valor acima
do que recebia na ativa.
MAIS TRABALHO
Um dos objetivos do governo com a reforma da Previdência é fazer com que
os brasileiros passem mais tempo no mercado de trabalho.
A justificativa é que a expectativa de vida tem aumentado, a população
jovem está diminuindo e a Previdência tem registrado resultados cada vez
mais deficitários.
Antes de tomar a decisão de incluir ou não esse dispositivo na reforma, a
expectativa é que Temer consulte os governadores, que têm enfrentado
dificuldades financeiras.
O entendimento é que, se os governadores formalizarem apoio, o Planalto garante mais votos no Congresso.
O tema, no entanto, deve provocar mais reações contra a reforma, pois a
eventual cobrança também atingiria quem se aposentou antes da possível
aprovação dessa regra. Além disso, haveria uma queda imediata na renda
de todos os aposentados.
A maioria das mudanças previstas terá impacto apenas para quem ainda não
se aposentou –como as novas regras de acesso ao benefício.
O governo quer adotar idade mínima de 65 anos para a aposentadoria de
homens e mulheres, com pelo menos 25 anos de contribuição. As novas
regras devem valer para homens com menos de 50 anos de idade e mulheres
com menos de 45.
Fonte: Folha de SP
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