Brasil

Delação da Odebrecht e eleição de Trump complicam cenário para Temer

 
 O presidente Michel Temer, em evento no Planalto sobre migração de rádios, na segunda (7/11)

BRASÍLIA - De repente, o mar ficou revolto para o presidente Temer nesta reta de final de ano. O cenário brasileiro mudou com a vitória de Donald Trump e a proximidade da delação da Odebrecht. Dois fatores que lançam incertezas e vão obrigar o governo a fazer ajustes de rotas. 

O Palácio do Planalto confiava num encerramento de ano mais tranquilo, com a aprovação do teto dos gastos públicos, nova redução da taxa de juros e uma economia já dando sinais de crescimento. 

Pois bem. Antes mesmo da vitória do republicano, a equipe econômica já havia alterado suas previsões. Saiu de cena um crescimento de 1,6% do PIB em 2017. Entrou no seu lugar a esperança de que seja de 1%. 

Depois da eleição de Trump, ficou pior. A receita do futuro presidente dos Estados Unidos é inflacionária. Ele quer aumentar gastos e reduzir impostos. Resultado: o Federal Reserve, o banco central de lá, terá de reagir. Os juros americanos podem subir mais do que o esperado. 

Efeito aqui: dólar em alta, pressões inflacionárias e dúvidas sobre o ritmo de queda da taxa de juros no Brasil. Péssima notícia para o presidente Michel Temer, que conta com a redução dos juros para vitaminar o crescimento brasileiro. 

Enquanto isso, a delação da Odebrecht, com seu potencial estrago no mundo da política, fez investidores pisarem no freio. O pessoal que estava disposto a investir aqui depois que Temer virou presidente efetivo voltou a dar uma parada estratégica, péssima para o crescimento. 

Para piorar, a crise fiscal dos Estados deve provocar um atraso em cascata do pagamento do 13º salário em boa parte do país. Daí, se hoje temos protestos e confusões no Rio, em dezembro isso pode se alastrar. 

Tudo junto e misturado, Temer terá um dezembro complicado. A única vantagem é que a piora do cenário reforça a necessidade de aprovar reformas, como a do teto dos gastos públicos. O que se espera é um senso de urgência do Congresso. 


Fonte: Folha de SP

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