Passados
seis meses da chegada do presidente Michel Temer ao poder, o único
legado apresentado pelo peemedebista até o momento foi ter tirado do
poder a ex-presidente Dilma Rousseff (PT), dona de uma gestão desastrosa
e que, pelo jeito, fez escola no cargo. Nada do que foi prometido pelo
novo governo saiu do papel, pelo menos não o que pode ser colocado na
conta de positivo. A economia não dá sinais de melhora, apesar dos
prognósticos otimistas do governo. A equipe de ministros escolhida pelo
sucessor da petista consegue ser mais desastrosa que a anterior – são
seis ministros demitidos em poucos meses. E os motivos são a cereja no
bolo: praticamente todos por causa de desvio de conduta ou roubo mesmo.
A
grande diferença de Temer em relação a Dilma, até o momento, é a
benevolência das elites brasileiras com os erros grotescos do
peemedebista na condução tanto no campo econômico como político e ainda a
ampla base parlamentar. Condição, cá prá nós, com prazo de validade. O
peemedebista chegou ao poder por que ninguém aguentava mais os erros da
gestora petista, que fez um primeiro mandato pensando apenas e se
reeleger e, para isso, comprometeu a política econômica do país. A
paciência dos aliados se esgotou com ela e há fortes indícios de que não
vai demorar com o peemedebista, também, que tem o agravante de ter
chegado ao poder sem nenhum apoio popular.
Assim como no futebol…
Se
Dilma, usando uma linguagem futebolística, era uma espécie de Felipão,
que conduziu o país rumo ao 7×1, Temer tem se comportado como um Dunga,
cuja cabeça logo estará a prêmio enquanto se procura um Tite para
comandar o país. A comparação é grosseira porque na política nacional
não salta aos olhos ninguém que possa exercer esse papel de salvador da
pátria. Mas não falta quem se venda como opção para tal. É lógico que
não haverá pressão ainda neste ano, pois isso resultaria na convocação
de eleições diretas, abrindo espaço para uma provável vitória de Lula
(PT). Mas a partir de janeiro, tudo muda. A eleição seria indireta,
facilitando as coisas para quem tiver o centrão ao seu lado. Chance para
Aécio Neves (PSDB).
Se houver pressão popular, é fácil acreditar
que o julgamento da chapa Dilma-Temer no Tribunal Superior Eleitoral
(TSE) ande rápido. O relator da ação, o ministro paraibano Herman
Benjamin, deverá dar seu voto sobre o processo no próximo ano. Essa é a
previsão do presidente da Corte, Gilmar Mendes, externada durante visita
à Paraíba, na última sexta-feira (25). Apesar do julgamento ter
aspectos técnicos, historicamente, o tribunal sofre muito com as
pressões da opinião pública. E isso influencia… e como influencia no
resultado final dos julgamentos. Um risco para Temer, que tenta o
desmembramento das contas de campanha para tentar sair ileso do
processo.
Odebrecht
Esta semana será uma
verdadeira prova de fogo para Temer e sua equipe de ministros, por causa
das assinaturas da delação dos executivos da Odebrecht. O que se
comenta é a existência de mais de 100 políticos implicados, inclusive o
presidente. Dependendo das afirmações e da gravidade delas, não vai
faltar pressão sobre o governo. Durante entrevista coletiva neste
domingo (27), o próprio presidente, se referindo aos seus auxiliares,
expressou preocupação com eventuais denúncias contra eles. Há
informações de que o próprio peemedebista teria cobrado propina e que o
nome dele pode aparecer entre os delatados.
Mas não era possível
imaginar outra coisa quando estava em curso a articulação pela troca de
comando do governo. O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Luiz
Barroso, na época, demonstrou perplexidade ao analisar as alternativas
de poder no país. O tempo mostrou que ele estava certo. Temer colocou em
pontos estratégicos do seu governo figuras como o senador Romero Jucá
(Planejamento) e Henrique Alves (Turismo), além de outros, e eles são
muitos, que só ganham repercussão quando falam alguma besteira. Os dois
citados foram demitidos por causa de escândalo. O primeiro, inclusive,
ficou conhecido pelas gravações que demonstraram o seu interesse em
“estancar a sangria” e acabar com a operação Lava-Jato.
A semente
do caos político foi plantada durante o governo Dilma Rousseff e ela
pagou o preço no seu segundo mandato. Um destino ao qual Michel Temer
dificilmente conseguirá fugir. O escândalo e a crise com Marcelo Calero
parece não ter sido o último.
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