"Velho
Chico" fez muito bem para Ivann Gomes, o Batoré, e não só por ele ter
se destacado como delegado Queiroz em sua estreia na Globo. A novela
também conseguiu reatar uma amizade que estava estremecida havia 13 anos
entre o humorista e seu ex-colega de "A Praça É Nossa", Carlos Alberto
de Nóbrega.
Batoré não falava com Carlos Alberto desde 2003,
quando foi demitido pelo SBT. O humorista saiu magoado porque pensava
ter sido cortado pelo líder da "Praça". Durante mais de uma década, ele
acreditou que foi vítima de uma "traição" após ter integrado o elenco do
programa por quase 15 anos.
Ao UOL, Batoré
relembra o que falou a Carlos Alberto na primeira conversa que tiveram
após mais de uma década de mal-entendido: "Eu me envergonho de ter
chegado a esse ponto". A desavença foi rompida quando o ator de "Velho
Chico" soube que sua saída da "Praça" havia sido determinada por Silvio
Santos para cortar despesas.
"Quando saí do SBT, fiquei chateado
porque me falaram que o Carlos Alberto tinha me colocado na relação [de
dispensa], e naturalmente fiquei sentido porque eu era fiel a ele. Se
tivesse falado [que o responsável pelas demissões foi Silvio Santos], a
gente teria acabado isso antes", lamenta.
O bom desempenho de
Batoré em "Velho Chico" chamou a atenção de Carlos Alberto, que mesmo
afastado do antigo colega queria parabenizá-lo. Ele pediu ajuda a um
amigo em comum, o humorista Zé Américo, também da "Praça". O que ele não
esperava era receber um telefonema de Batoré retribuindo os elogios.
"Estava
assistindo aos últimos capítulos de 'Velho Chico'. E não foi uma
interpretação, foram várias. Ele foi brilhante pela naturalidade. E o Zé
Américo é muito amigo dele. Disse: 'Olha, Zé, fale para o Batoré que eu
o cumprimento e fiquei muito feliz vendo o desempenho dele'. De noite
ele ligou para mim e foi um bate-papo gostoso", recorda.
Fofocas atrapalharam reconciliação
O
telefonema para falar de "Velho Chico" virou uma troca de afeto e
gentilezas. Batoré lembra com detalhes como foi o papo de reconciliação:
"Falei: 'Tudo que foi ventilado aí, 10% eu falei e 90% não'. 'Batoré,
eu conheço o teu coração, você é um cara do bem. Esquece isso, passe uma
hora aqui para a gente tomar um café e bater um papo, faz de conta que
não aconteceu nada. Parabéns, você está dando um banho aí. Estou muito
orgulhoso'. E falou isso de peito cheio. 'Mas se eu não tivesse passado
pela 'Praça' eu não estaria aqui'".
Durante 13 anos, a saída
conturbada de Batoré da "Praça" foi prato cheio para fofoqueiros e
programas sensacionalistas. Sem contrato na TV, o humorista virou
vereador e só era chamado por emissoras para desabafar sobre a demissão.
O desentendimento com Carlos Alberto ganhou ares de briga sem fim,
atrapalhando e adiando a reconciliação.
"Não fizemos as pazes
porque não houve briga. Nunca briguei com ninguém em 63 anos de
carreira. Não guardo mágoa, isso é besteira, dá câncer. Tem que pensar
para a frente, não ficar remoendo coisas. Quem tirou foi o Silvio, não
fui eu. Para que vou dar corda a uma coisa que não leva a nada? O que
acontece é que as pessoas gostam de sensacionalismo. A imprensa adora
botar uma pimenta", reclama Carlos Alberto.
"No final do ano
mandei uma mensagem para ele dizendo que eu estava finalizando um ano
feliz, porque estava mais leve, tirei aquele peso da angústia e
começaria o ano mais tranquilo porque voltamos a ser amigos. Temos uma
história que é maior do que tudo o que aconteceu", comemora Batoré, que
em breve deverá encontrar Carlos Alberto pessoalmente.
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