A Câmara dos
Deputados aprovou, na noite dessa quinta-feira (06), o texto da Proposta de
Emenda à Constituição (PEC) que trata sobre a Reforma Tributária no país. A
matéria foi relatada pelo paraibano Aguinaldo Ribeiro (PP).
Confira os votos
da Bancada Paraibana:
Aguinaldo afirmou que vive um momento impar ao relatar a matéria e refutou a críticas de setores do bolsonarismo de que o texto é a “reforma do PT”.
“Foram muitas
noites mal dormidas, foram muitos dias sem comer, se deslocando por todo país.
O peso de deixar a família. Mas, tudo isso passa um filme. Hoje eu tenho
convicção que a Reforma Tributária só poderia ser tocada como você [Arthur
Lira] tocou. Estamos construindo um país. Essa reforma é uma reforma que eu
comecei a discutir com Bolsonaro, o ex-ministro Paulo Guedes. E o que estávamos
querendo ali era construir esse mesmo país, não é o país que olha para direita
ou esquerda, é o país que olha para frente”, disse Ribeiro.
O paraibano Hugo
Motta, líder do Republicanos, defendeu a aprovação da matéria. “A Reforma
Tributária apreciada representa para nós uma discussão a favor do Brasil. Não é
uma vitória desse ou daquele governo. Mas sim do parlamento. Ganhará o Brasil.
Ganhará nosso sistema tributário, que será modernizado. Será um sistema que vai
trazer competitividade para o Brasil”, disse Hugo.
A deputada Julia
Zannata (PL-SC) orientou voto contrário do partido à matéria dizendo que a
“esquerda virou thcuchuca para os banqueiros”.
Já o PT foi
favorável. “Essa reforma tributária vem tarde, 50 anos esperando é muito tempo
para o povo. É por isso que estamos apoiando e dizendo que essa reforma pode
não ser a dos nossos sonhos, mas vai dar ao país governabilidade econômica que
ele precisa”, disse a deputada Benedita da Silva (PT-RJ).
Confira os principais pontos do texto apresentado
por Aguinaldo Ribeiro:
Eliminação de
impostos – Substituição
de dois tributos federais (PIS e Cofins) por uma Contribuição sobre Bens e
Serviços (CBS), gerida pela União, e dois outros impostos (ICMS [estadual] e
ISS [municipal]) por um Imposto sobre Bens e Serviços (IBS), gerido pelos
estados e municípios. Também será criado o Imposto Seletivo em substituição ao
IPI.
CBS e IBS – Tributos a serem
cobrados no local de consumo dos bens e serviços, com desconto do tributo pago
em fases anteriores da produção.
Imposto seletivo
– Será uma
espécie de sobretaxa sobre produtos e serviços que prejudiquem a saúde ou o
meio ambiente.
Alíquotas – Haverá uma alíquota
padrão, uma reduzida em 50% e uma alíquota zero. Os percentuais serão
discutidos em lei complementar.
Alíquota
reduzida – Para
atender as seguintes áreas: transporte público, serviços de saúde, serviços de
educação, produtos agropecuários, cesta básica, atividades artísticas e
culturais e parte dos medicamentos. Isso porque esses grupos não têm muitas
etapas como a indústria e teriam menos créditos tributários.
Alíquota zero – Medicamentos, Prouni,
produtor rural pessoa física.
Exceções – A Zona Franca de Manaus
e o Simples manteriam suas regras atuais. E alguns setores teriam regimes
fiscais específicos: operações com bens imóveis, serviços financeiros, seguros,
cooperativas, combustíveis e lubrificantes, planos de saúde.
CORREÇÃO DE
DESEQUILÍBRIOS
Cashback – A emenda constitucional
deve prever a implantação de um cashback ou devolução de parte do imposto pago.
Mas o funcionamento do mecanismo ficará para a lei complementar.
Fundo de
Desenvolvimento Regional – será
criado esse fundo com recursos da União para promover regiões menos
desenvolvidas. O objetivo é ter R$ 40 bilhões por ano a partir de 2033.
Fundo de
Compensação de Benefícios Fiscais – Os benefícios já concedidos pelos estados
seriam garantidos até 2032 por este fundo, também com recursos da União. No seu
ponto máximo, em 2028, teria recursos de R$ 32 bilhões.
Transição
federativa – Será feita
uma transição de 50 anos, entre 2029 e 2078, para manter a arrecadação da
União, estados e municípios. Sem a transição, estados e municípios “produtores”
seriam prejudicados com a cobrança do IBS no local de consumo.
Transição dos
tributos – Apesar de
serem feitos modelos, a arrecadação dos novos tributos não é conhecida. Então,
essa transição, de oito anos, terá o objetivo de calibrar as alíquotas de forma
a manter a carga tributária.
IMPOSTOS SOBRE
PATRIMÔNIO
IPVA – Será cobrado também
sobre veículos aquáticos e terrestres. Será menor para veículos de menor
impacto ambiental.
IPTU – Os municípios poderão
mudar a base de cálculo do imposto por decreto, mas a partir de critérios
estabelecidos em lei municipal.
ITCMD – A ideia é determinar a
progressividade do imposto. Ou seja, alíquotas maiores para valores maiores de
herança ou doação. Permite a cobrança de heranças no exterior.
EFEITOS
ESPERADOS DA REFORMA
Fim da guerra
fiscal – A redução
de impostos para atrair fábricas não se justifica mais porque o imposto será
cobrado no destino do bem ou serviço.
Crescimento
econômico – O IBS
simplifica o sistema, eliminando custos para as empresas. A indústria é mais
favorecida porque pode ter mais créditos de tributos pagos por insumos.
Desoneração das
exportações – Como o
imposto só é cobrado no consumo, as vendas externas podem ser totalmente
desoneradas. Por outro lado, as importações terão a mesma taxação do produto
nacional.
Segurança
jurídica – Cai a
diferenciação entre produtos e serviços, evitando conflitos sobre qual alíquota
deve ser aplicada sobre determinado consumo.
Transparência – O consumidor vai saber
quanto está pagando de imposto em cada produto ou serviço.
Wallison Bezerra
– MaisPB
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